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Tragédia em Pernambuco fez Mundial de 2010 acabar para mim

EDUARDO CAMPOS ESPECIAL PARA A FOLHA

Peço licença para escolher não uma, mas duas Copas do Mundo como inesquecíveis. E são justamente as duas últimas edições que vão ficar na minha memória.

Digo isso não pelo futebol jogado pelas seleções, mas por dois episódios com desfechos bem diferentes.

Se a Copa de 2006 marcou o início de uma campanha vitoriosa que nos levou ao governo do Estado pela primeira vez, a de 2010 foi marcada por uma tragédia que abalou Pernambuco, destruiu cidades inteiras e atingiu milhares de pessoas.

No Mundial da Alemanha, dividimo-nos entre as atividades da campanha e uma torcida organizada pela juventude do PSB no Recife antigo. Naquela época, por contarmos com uma estrutura bem menor que a dos nossos concorrentes, tivemos que colocar o pé na estrada, visitando até 11 municípios em um mesmo dia.

Eu tinha apenas 40 anos, e os 90 minutos que duram uma partida para aproveitar a Copa ao lado da minha família antes de voltar aos comícios, caminhadas e carreatas. Até a tristeza da eliminação do Brasil pela França foi aliviada pela nossa vitória nas urnas três meses depois.

Quatro anos mais tarde, bem no meio da Copa da África do Sul, recebi um dos meus maiores desafios como governador de Pernambuco. No dia 18 de junho, uma enorme tromba-d'água arrasou dezenas de cidades da Mata Sul. Mais de 80 mil pessoas ficaram desalojadas ou desabrigadas, perdendo absolutamente tudo: seus documentos, suas fotos e, nos piores casos, entes queridos.

A partir desse dia, montamos um gabinete de crise na sede do governo do Estado. Reunimos 15 secretarias em uma mesma sala do Palácio do Campo das Princesas para dar o máximo de agilidade às nossas ações.

Durante 30 dias seguidos, minha agenda consistia em visitar pela manhã bem cedo cada um dos municípios atingidos e voltar ao gabinete à tarde para comandar a Operação Reconstrução. Eram 18, 20 horas de trabalho diários.

A Copa, que mal havia começado, foi totalmente esquecida por mim e pela minha equipe. O Brasil até havia largado bem, vencendo a partida de estreia, mas, a partir daquele 18 de junho, a Copa da África do Sul acabava para mim.

Quase um mês antes da derrota do Brasil para a Holanda, contada a mim pelo meu filho José --louco por futebol e na época com apenas cinco anos-- ao entrar no nosso gabinete de crise em lágrimas.


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