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Angústia

Abalado por falhas recentes, Casillas joga mais uma 'decisão' de Copa, agora no Maracanã; a Espanha do goleiro e capitão pode ser eliminada pelo Chile

ROBERTO DIAS ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Quando criança, Iker Casillas uma vez se esqueceu de jogar na loteria que seu pai havia lhe entregue. Houvesse o bilhete, sua família teria saído da pobreza: os prognósticos estavam certos.

Os Casillas por fim ficaram milionários pelas mãos do garoto. Mas, para referendar o ditado, dinheiro não trouxe só felicidade. Meses atrás, o goleiro afastou o pai da direção de sua empresa.

O imbróglio familiar é só mais um dos enfrentados pelo capitão espanhol desde que ergueu a taça da Copa do Mundo, quatro anos atrás.

Do mais recente deles, ele tenta se recuperar nesta quarta (18), em jogo decisivo com o Chile no Maracanã, às 16h. Goleados na estreia pela Holanda, os atuais campeões mundiais não podem perder.

Se o Chile ganhar e a Holanda não perder para a Austrália, o Grupo B se define.

Situação inesperada para quem, como Casillas, chegou ao Brasil com planos de se tornar o primeiro homem a erguer duas vezes a Taça Fifa.

Falhando ao sair do gol, entregando a bola para os holandeses, sendo vazado cinco vezes, ele teve que engolir críticas como a de Maradona: "Gostaria de lembrar meu amigo Mourinho, que disse que Casillas não era goleiro para o Real Madrid".

Nesta terça (17), Mourinho, o técnico que botou Casillas no banco do Real, disse que, se dependesse dele, o goleiro continuaria titular da seleção. Não exatamente porque goste dele: "Uma má partida não é suficiente para mudar".

Mourinho foi-se do Real sem ganhar a Liga dos Campeões. Casillas ficou e venceu o campeonato novamente, no mês passado. O choro sem fim após o jogo denotava não são só a felicidade do triunfo: eram lágrimas de um goleiro que sabia que tinha falhado naquela noite, no gol do Atlético de Madri.

Nesta Copa, a estreia fez Casillas perder a chance de se tornar o goleiro com maior invencibilidade da história e reviveu as críticas dos catalães a qualquer um que não jogue no Barcelona. Ele pediu perdão: "A pior exibição da minha vida na seleção".

FRACASSO DOS TRINTÕES

Aos 33 anos, tenta escapar nesta Copa de um roteiro conhecido de vários outros goleiros famosos: o italiano Buffon, o francês Barthez, o brasileiro Taffarel e os argentinos Pumpido e Fillol.

Todos foram campeões do mundo com pouco menos de 30 anos. Todos voltaram trintões à Copa para tentar repetir o título. Todos falharam.

Em pelo menos um sentido, seu papel está mais próximo ao de Dino Zoff, último goleiro a capitanear uma campeã antes dele --o italiano ergueu a taça aos 40, em 1982, na Madri de Casillas.

É nesse papel de capitão que se tenta preservá-lo. No dia seguinte à estreia, o técnico Vicente Del Bosque sentou-se com Casillas e Xavi, o segundo capitão, para conversar diante das câmeras.

O técnico também veio a público passar recados. Um era relatar o que viu após o massacre holandês. "No vestiário, [Casillas] falava com todos, num silêncio enorme. Culpou-se de algumas coisas, mas colocou as bases da recuperação. Foi um capitão."

Os espanhóis têm feito o que podem para motivar o jogador, que galgou degraus como celebridade após se casar com a jornalista Sara Carbonero. Nesta semana, a federação publicou uma carta de uma torcedora para Casillas. Dizia: "Você tem sido castigado demais: atacado por sua própria gente e relegado de maneira inimaginável, tudo isso em silêncio".

Sérgio Ramos conta que o vê "mal como todos os demais, mas motivado e convencido de que é possível [reverter a situação]".

No banco, não há muita opção para Del Bosque --o reserva imediato era Valdés, contundido. E um dos convocados, De Gea, está machucado.

Mas em outras posições é mais provável que o técnico mexa para o jogo com o Chile, "mas não muito", como diz.


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