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Festa e ressaca

Vila Madalena é o ponto preferido da torcida em SP, para desespero de moradores

FÁBIO TAKAHASHI DE SÃO PAULO

Mesmo com uma leve garoa e um vento frio, as chilenas Jaqueline Ramirez e Josefina Pinto conversavam felizes na rua na tarde desta quarta-feira, na Vila Madalena, enroladas em uma bandeira de seu país --que já batia a Espanha nas TVs dos oito bares ao redor.

"Aqui está muito bom, gente de todas as nacionalidades", disse Josefina, psicóloga, 26, que vive no Chile.

"Moro em São Paulo há dois anos e não tive dúvida de trazê-la para cá", afirmou Jaqueline, 29. No instante seguinte, apareceram uruguaios com perucas azuis para tirar fotos com as duas.

A menos de 500 m dali, a aposentada Nivia, de 72 anos, estava ainda assustada com o que havia visto no dia anterior, após o jogo do Brasil.

"Era um enxame de gente na rua. Urinaram e fizeram necessidades na garagem das casas. Um som altíssimo até a 1h. Ficamos com medo."

É com essa dualidade festa X desordem que a Vila Madalena vem vivendo durante a Copa do Mundo, especialmente na rua Aspicuelta.

A concentração de bares, além da própria fama de bairro boêmio, fez com que a região da zona oeste tenha se transformado no principal ponto de São Paulo para encontro de torcedores, sejam estrangeiros ou brasileiros.

Nos momentos de pico, à noite, os bares ficam lotados e outras pessoas bebem na rua, abastecidas por ambulantes. Por volta das 22h desta quarta-feira, eram praticamente intransitáveis dois cruzamentos da Aspicuelta.

"Isso aqui está parecendo Woodstock, mas sem nenhuma condição de abrigar tanta gente", disse o presidente da associação dos moradores do bairro, Cássio Calazans.

"De manhã encontramos um monte com mais de um metro de lixo na calçada. Fora o cheiro de urina", disse Bruno Baldow, 32, que trabalha numa empresa ao lado dos bares. "O clima está legal, mas deixa muito estrago."

Segundo a Subprefeitura de Pinheiros, após o jogo do Brasil foram retiradas 40 toneladas de lixo do bairro, quatro vezes mais que um dia de fim de semana sem Copa.

Os comerciantes também vivem momentos antagônicos. O dono de um dos principais bares da rua afirmou que o movimento está ao menos 50% acima do normal.

Mas junto veio a preocupação com o ambiente que fica nas ruas. "É muita gente, que encheu a cara, usou droga. Em vez de fechar à 1h, estamos fechando às 22h30. Isso aqui está um barril de pólvora", disse o comerciante, que pediu que não fosse identificado com medo de represálias.

"Eu estou achando incrível, é muito animado", afirmou o britânico Julian Frost, 32, cerveja na mão, olhando um dos cruzamentos semifechados.


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