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Denise Fraga

estranhos no ninho

Impávido colosso

No Maraca, um mosaico colorido com bandeiras de tudo que era lugar. Bonito de ver

Minha avó era costureira e por isso tínhamos nas arquibancadas do Maracanã uma das maiores faixas da torcida rubro-negra. Nosso delírio era ouvir no radinho grudado à orelha o nome da Fla-Lins pronunciado pelo narrador. O que ele não podia imaginar era que nossa torcida suburbana tinha no máximo cinco componentes: o doente flamenguista do meu irmão, seu sócio fundador, e mais quem topasse ir com ele pro Maraca. Fui muito.

Adoro ir ao estádio e esse é um dos motivos confessos de minha virada de casaca. Mudei de cidade e de time para viver com minha família a torcida palmeirense. Nada se compara ao que acontece numa arquibancada. Sou do tipo de mulher que capta um impedimento, mas, estando no estádio, vivo perdendo gols. Fascinada pela expressão da torcida com a entrada da bola na área, minha atenção acaba migrando pra festa.

No domingo passado, voltei ao Maracanã. Conseguimos finalmente comprar uns ingressos e fomos para o Rio ver Rússia e Bélgica. Incrível! Está tendo Copa. E bem. Veio até o pessoal do Leste Europeu. Animados, fantasiados, cantando no metrô. Gente do mundo inteiro lotando os vagões para montar no Maraca um mosaico colorido com bandeiras de tudo que era lugar. Bonito de ver. Brasileiros cantando com russos sem entender uma palavra, belgas arriscando-se na "Aquarela do Brasil" e vários torcedores ostentando cores de dois países num emocionante evento sem fronteiras chamado futebol. Lá pelas tantas, com o jogo morno, não houve perdão na arquibancada:

--Õ! Õ! Õ! Segunda divisão!

Sentada na nova e cara cadeira do velho Maracanã, eu ri e aderi ao coro quando a torcida continuou:

--Eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor!

Nosso amor pelo futebol fez ter Copa e uma arquibancada sempre me lembra a força que temos juntos. Não merecíamos superfaturamentos. Simplesmente, não merecíamos.


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