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Análise 1ª fase

O "não vai ter Copa" virou o Mundial dos gols

Maioria dos times com mais posse de bola não venceu, foram menos gols de bola parada e mais marcação por pressão

PAULO VINÍCIUS COELHO COLUNISTA DA FOLHA

A Copa do verão e do inverno, do calor e do frio, da umidade e da secura ia mesmo castigar os europeus. Apesar disso, os melhores jogos da primeira fase envolveram seleções do Velho Continente.

Itália 2 x 1 Inglaterra, Espanha 1 x 5 Holanda, Suíça 2 x 5 França. A média superior a cinco gols nessas três partidas contribuiu para esta ser a Copa com mais gols desde 1958.

Até o dia 13 de julho vai se verificar diariamente a média de gols e compará-la com as edições anteriores. O recorde é de 1954, com mais de 5 por partida. Não será alcançada. Nos tempos modernos, a com mais gols foi a de 1982: 2,80. Em 2014 está melhor.

Uma brincadeira entre os jornalistas é que as emissoras populares de TV podem criar um bonequinho para gritar na hora do gol e usar a imagem da presidente Dilma dizendo: "Copa das Copas, Copa das Copas!".

Mas é quase inexplicável a razão de se ter saído do "não vai ter Copa" para apresentar o Mundial dos gols e dos grandes jogos.

Existem apenas hipóteses. Há quem julgue que o susto da Copa da África do Sul, com a segunda pior média de gols de todos os tempos, fez os técnicos partirem para o futebol ofensivo. Não se sustenta.

Em 2009, o Barcelona foi campeão da Europa praticando um estilo de toque, pressão e gols.

A retranca já estava fora de moda na Europa em 2010, apesar de a Internazionale de Milão de José Mourinho ter estacionado um ônibus em sua grande área nas semifinais da Liga dos Campeões contra o Barcelona.

Futebol moderno se joga com todos participando das ações ofensivas e defensivas. Nele, o gol sempre é a meta. É assim na Liga dos Campeões e é isso o que se vê na Copa.

A bola está correndo mais. Em 2006, 30% dos gols nasceram de jogadas de faltas, pênaltis ou escanteios. Em 2010, o índice caiu para 26%. No Brasil, só 23% dos gols são de bola parada.

A marcação por pressão aumentou porque se corre mais. Diaz, do Chile, percorreu 12 quilômetros na vitória sobre a Espanha. Quanto mais preparo físico mais ocupação de espaço, mais chance de tomar a bola no campo de ataque. Assim, 8,5% dos gols nasceram da marcação por pressão --a seleção brasileira fez três recuperando a bola no ataque.

Na primeira fase, 57% dos times com predomínio na posse de bola não venceram a partida. Espanha e Itália, rainhas do tiki-taka, foram eliminadas. Vale mais aproveitar os espaços, como fazem a Colômbia e a Holanda.

Os laranjas só tiveram mais tempo com a bola do que o rival contra a Austrália. A Colômbia foi minoritária na posse nos três jogos que venceu.

O contraste entre o futebol de 2014 e 2010 é do frio de 0ºC do Ellis Park em Brasil 2 x 1 Coreia do Norte para o sol de Salvador, em Espanha 1 x 5 Holanda.

O slogan "Sorria, você está na Bahia" traduz o que se viu na primeira fase.

Os gringos estão felizes e nós também.

Com bastante trabalho e um pouco de competência, bem que o Campeonato Brasileiro poderia herdar um pouco deste Mundial e virar a tal Copa permanente que Antonio Prata pediu.


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