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Hábito de morder é caso para terapia, diz psicanalista

CASSIANO ELEK MACHADO EDITOR DA "ILUSTRÍSSIMA"

Sigmund Freud não escapou das dentadas de Luis Suárez.

Minutos após o camisa 9 uruguaio ter enfiado seus caninos no ombro esquerdo de Chiellini, o nome do pai da psicanálise já era fartamente evocado na internet. "Suárez não passou da fase oral", cravaram usuários de redes sociais, evocando aquela que o intelectual austríaco acreditava ser a primeira das etapas do desenvolvimento psicossexual.

Apoiado em Freud, o psicanalista inglês Michael Bloomfield prontamente questionou, no site do britânico "Guardian": "Haverá um Suárez secreto em cada um de nós?". E, à "BBC" o doutor Tom Fawcett remeteu o instinto mordedor à infância de Luisito --sem deixar de atestar: "Ele voltará a fazê-lo".

Jérôme Valcke, da Fifa, não foi o primeiro nem o único a prescrever tratamento para o uruguaio.

"A mordida dele caracteriza um distúrbio de impulso", diz, em psicanalisês, Eduardo Ferreira-Santos, 61. Supervisor no Serviço de Psicoterapia do Instituto de Psiquiatria da Medicina da USP por 30 anos, Ferreira-Santos afirma que a conduta do atacante pede tratamento.

"Brincaram na internet que ele não precisava de treinador, mas de um adestrador, mas o fato é que precisa de um terapeuta."

A repetição das dentadas, ressalta o psiquiatra, dissocia o quadro do uruguaio do de outros atletas marcados por rompantes.

"Zidane não ficou dando cabeçadas no peito de adversários por toda a carreira e ao que tudo indica Mike Tyson não mordeu outras orelhas que não as de [Evander] Holyfield."

Embora condenáveis por unanimidade, trocas de sopapos e de cotoveladas são considerados parte do esporte. O uso da boca, ressalta Ferreira-Santos, não é um método de defesa ou de ataque de adultos.

"É algo muito comum na pré-escola. E é infantil não só no sentido leigo."

O professor da USP diz que Freud defende que o desenvolvimento psicológico é semelhante a um Exército em marcha.

"Uma vez avançado um território, estabelece-se uma base. Quando sofre ataque do exército inimigo, regride-se para a fase mais forte na personalidade de cada um."

Especialista em transtornos de estresse pós-traumático, Ferreira-Santos crê que, a julgar pelo perfil público de Suárez, ele deve estar "deprimido como uma criança que é pega e reprimida". "Um jogador com perfil de Messi talvez não sentisse tanto."


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