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Opinião

Faltaram animação e criatividade à 'elite branca' no Mané Garrincha

VANESSA BARBARA COLUNISTA DA FOLHA, EM BRASÍLIA

No Mané Garrincha, no jogo França x Nigéria, uma dúzia de franceses gritava tresloucadamente. Não só "Allez les Bleus" (Avante, Azuis), mas "Qui ne saute pas n'est pas Français" (Quem não pula não é francês), o que muitos julgaram ser um insulto.

Na dúvida, brasileiros vaiaram e gritaram: "Ni-gé-ria, Ni-gé-ria". Destituídos de outras ideias, se calaram. Vez ou outra, entoavam o hino de 1979 que ninguém aguenta mais ("Sou brasileiro"), ainda que ninguém lhes tivesse indagado a nacionalidade e que muitos se incomodassem com a demonstração de patriotismo coxinha. "O gancho!", alguém pediu, lembrando que era França x Nigéria.

A atuação da torcida brasileira tem sido triste. Não me refiro só a quem acha patriótico vaiar a escalação rival, assim como seu hino nacional, como no jogo contra o Chile.

Também não me refiro à pesquisa do Datafolha que mostrou que, nessa mesma partida, 67% dos detentores de ingressos eram brancos e 90% pertenciam à elite.

Relato o fato de a Brahma (patrocinador da seleção) ter contratado animadores para combater o desânimo e a falta de criatividade do público. Como numa missa, distribuíram folhetos com sugestões de gritos, e houve quem esperasse o anúncio: "Todos de pé para o cântico nº 44".

No missário da elite branca nos estádios, começaríamos com ritos iniciais, quando a comunidade, de pé, seria orientada a não vaiar a bandeira rival e respeitar o hino alheio. Depois valeria tudo: cântico de repreensão ao juiz, hino de louvor à catimba, momento de confraternização entre dizimistas.

Os missários seriam em papel pólen de alta gramatura, com aroma de semente amazônica de murumuru e custariam um dinheirão ao erário. Para muitos, melhor seria destituir os donos de bilhetes e promover ocupação maciça pela torcida do Flamengo ou equivalente.

Ou, vá lá, pelo MTST.


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