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Entrevista Oliver Bierhoff, 46

Brasil joga duro e não tem mais estilo técnico do passado

Ex-atacante que perdeu a final de 2002 e hoje diretor da seleção alemã diz que pressão de jogar no país afetou o time brasileiro

FABIO VICTOR ENVIADO ESPECIAL A SANTA CRUZ CABRÁLIA (BA)

Quando Oliver Bierhoff entrou em campo na final da Copa-2002, aos 29min do segundo tempo, o Brasil vencia a Alemanha por 1 a 0, placar que seria ampliado para 2 a 0, dando o pentacampeonato.

Foi a despedida de Bierhoff da seleção alemã, pela qual disputou 70 jogos e fez 37 gols (é o décimo maior artilheiro).

"Ainda tenho uma boa lembrança daquela Copa, mas a final eu esqueci", disse em entrevista à Folha.

À recordação amarga do único confronto entre os países na história das Copas o hoje diretor técnico do time nacional alemão junta uma avaliação rígida sobre o atual momento do Brasil, rival desta terça (8) em Belo Horizonte.

"Não há mais o estilo brasileiro como o que recordamos, dos anos 1990 ou do passado", diz Bierhoff, 46.

No dia 1º, o ex-centroavante completará dez anos como diretor técnico da seleção, cargo semelhante ao de Parreira no Brasil, mas com tarefas adicionais, como atrair patrocinadores, cuidar de marketing, mídia e logística. É uma figura poderosa na federação de futebol alemã.

Foi ele, por exemplo, quem escolheu a vila de Santo André (BA) como base alemã. Recebeu crítica em seu país, mas hoje comemora. "É o lugar perfeito. Todos adoraram."

Bierhoff falou com a reportagem, em inglês, à beira da piscina do hotel onde a federação alemã instalou seu centro de mídia em Santo André.

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Folha - O sr. estava em campo em 2002 quando o Brasil venceu a Alemanha. Qual a sua memória daquele jogo?

Oliver Bierhoff - O Brasil mereceu vencer. Fizemos uma Copa muito feliz, não tínhamos um time com tanta qualidade, mas éramos muito focados. Ainda tenho uma boa lembrança daquela Copa, mas a final eu esqueci.

Como compara os times de Brasil e Alemanha de então com os atuais?

Acho que hoje os times estão no mesmo nível. Em 2002 o Brasil estava acima de nós, tinha jogadores muito experientes e fortes. Em 2002 o Brasil era um pouco mais técnico, agora é muito duro. Pelo que vi até agora, não há mais o estilo brasileiro como o que recordamos, dos anos 1990 ou no passado.

E qual o paralelo entre o time alemão de hoje e o de 2002?

Hoje somos mais fortes, temos muito mais qualidades. Em 2002 não tínhamos tantos bons jogadores.

Por que nem Brasil nem Alemanha apresentaram ainda um futebol bonito nesta Copa?

Para o Brasil, pode-se sentir que os jogadores atuaram sob uma pressão incrível. No nosso caso, chegamos com atletas um pouco fora de ritmo, Schweinsteiger, Khedira, Klose, Özil, todos se recuperando [de lesões]. E é uma Copa sob circunstâncias que dificultam, como calor, umidade, especialmente para nós.

Sem Neymar, qual é o jogador brasileiro mais perigoso?

Hulk teve momentos importantes. Agora terão de ser mais um time, em vez de apostar num jogador. Mas o mais perigoso tem sido [David] Luiz, com sua força de vontade, em escanteios, em cobranças de faltas...

O sr. foi o responsável pela decisão de criar uma concentração do nada numa vila do litoral baiano. Está satisfeito?

Estou 100% satisfeito. Houve ceticismo quando decidi vir, porque o centro não estava pronto. É um lugar especial, pelo clima e pela localização. Se você fica na cidade e vê somente casas, prédios, trânsito, rumores, não relaxa. E estamos numa área que não é tão quente e abafada nem muito fria. É o lugar perfeito. Todos adoraram.

Há algo de que estejam sentindo falta?

Não. Gostaria de dizer... O Brasil foi muito criticado [antes da Copa], e achamos tudo perfeito. A segurança, o transporte, os deslocamentos do time, a polícia tem ajudado. Não sentimos falta de nada.

Qual é o papel exato do sr. na seleção?

É difícil explicar, em dez anos não consegui fazê-lo [risos]. Digamos que tudo relacionado à seleção cai em minha mesa: mídia, marketing, questões políticas, organização. Meu maior trabalho é deixar o técnico com a cabeça livre para trabalhar com os atletas.


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