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Entrevista - Cafu

Felipão fez bom trabalho, não pode acabar por 1 jogo

Capitão do penta conta que foi expulso do vestiário por ser considerado um estranho

FABIANO MAISONNAVE DO ENVIADO A TERESÓPOLIS

Capitão do penta em 2002, Cafu, 44, propõe uma "revisão do conceito do futebol brasileiro", mas ressalta que não é possível mudar todos os dirigentes. Ele defende a permanência do técnico Luiz Felipe Scolari no cargo.

Na entrevista à Folha por telefone, o recordista em jogos pela seleção brasileira também conta como foi a expulsão do vestiário da equipe após a goleada diante da Alemanha por ordem do presidente da CBF, José Maria Marin.

Folha - Depois da derrota, fala-se em reformular da CBF à formação dos jogadores. O que deve ser priorizado?
Cafu - Há anos que venho pleiteando pra gente rever o conceito do futebol brasileiro. Não de hoje que estamos vendo isso. Agora, a gente está diante de uma oportunidade para mudar a qualidade e toda a gestão esportiva de todas as instituições.

Quais são os conceitos que precisam ser alterados?
Profissionalismo, respeito com os atletas, dar qualidade e condições de trabalho pra todo mundo, reformular todo o conceito das categorias de base para que o futebol possa voltar a ser competitivo, como era antigamente.

É possível fazer essas mudanças com os atuais presidentes de federação, com a atual cúpula da CBF?
É impossível mudar todos os presidentes. O que eu falo é exclusivamente do futebol brasileiro. Não quero me colocar contra a CBF, contra as federações ou contra os dirigentes. Volto a falar: é preciso mudar o conceito de todas as instituições. Mudar a mentalidade de todo mundo pra que a gente volte a mostrar um futebol competitivo.

O Bom Senso FC tem força para promover as mudanças?
O Bom Senso foi criado pra isso. Os meninos não criaram o Bom Senso para que eles possam bater de frente ou criar intriga com dirigente ou jornalista. Não. Foi criado para que possam pleitear melhor as mudanças. Eles precisam ter força pra fazer as mudanças que eles querem. Não estão querem mudar radicalmente, eles querem qualidade e condições de trabalho.

Você estava no Mineirão. Qual é a sensação que fica?
A derrota pegou todos de surpresa. Foi uma tarde em que nada deu certo, a seleção não se encontrou em campo e enfrentou um time muito bem estruturado.

O que aconteceu no vestiário depois do jogo?
Fui lá falar com os meninos, até porque já vivi essa sensação, sei o quanto é ruim, triste após uma derrota em Copa. Conversei com a maioria. A minha intenção era dar apoio e mostrar que, mesmo com a derrota, estávamos juntos com eles e que a vida deles ia continuar.
Conversei com o Felipão, com o Murtosa, com o Parreira. E perguntei pro Felipão se poderia falar com os meninos. Ele falou: "Claro, deve até, guri". E eu me encaminhei até os meninos quando, por surpresa, veio o chefe de segurança da CBF e me pediu pra eu sair do vestiário.
Perguntei por que, e ele disse que o presidente da CBF, José Maria Marin, não queria ninguém estranho no vestiário. Falei: "Eu sou estranho? Olha bem pra mim!" E ele falou: "É ordem do Marin e é pra você sair do vestiário, vou ter de te tirar agora".

O Marin o procurou para se desculpar?
Não. Só o [presidente eleito da CBF] Marco Polo [Del Nero] me ligou, perguntando o que tinha acontecido. Talvez falte um pouco disto aos dirigentes brasileiros: respeitar um pouco mais as pessoas que fizeram história no futebol brasileiro. A maioria dos nossos campeões mundiais caiu no esquecimento.

Quem deveria ser o próximo técnico da seleção?
O Felipão tem um trabalho ainda à frente, temos um jogo de terceiro lugar, depois Olimpíada. Estamos falando sem saber se realmente ele vai sair. Talvez isso devesse ser mais respeitado, dar tranquilidade para o treinador fazer um trabalho a longo prazo. O Felipão fez um bom trabalho. Não pode ser interrompido por um único jogo. Não tenho nome para substituí-lo.

Mas você defende a permanência dele?
Defendo, sim. Eu defendo a dele e de todos treinadores que começam o trabalho e não terminam. Tem de respeitar o trabalho deles.


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