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Sangue alemão

Corte no rosto do volante Schweinsteiger simboliza arrancada do país para seu 4º título, o 1º 'jogando bonito'

FABIO VICTOR ALEX SABINO MARCEL RIZZO ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO SÉRGIO RANGEL DO RIO

Instantes antes de Mario Götze marcar o golaço que fez da Alemanha tetracampeã mundial, no segundo tempo da prorrogação, Schweinsteiger deixou o campo do Maracanã com o rosto sangrando. Levara um soco de Agüero numa dividida aérea.

Medicado à beira do gramado, o volante voltou aplaudido pela torcida. Parece ter sido a senha para o título.

A sete minutos do fim da final, que se encaminhava para os pênaltis, Schürrle fez ótima jogada pela esquerda, livrou-se de dois rivais e cruzou. Götze matou no peito e, sem deixar a bola cair, chutou com classe, de esquerda, sem chance para Romero.

Quando o italiano Nicola Rizzoli encerrou o jogo, formou-se uma montanha humana sobre Schweinsteiger, todos em cima do craque que os brasileiros aprenderam a admirar na Copa, como a agradecê-lo pela valentia.

A vitória alemã carrega uma penca de símbolos. Pela primeira vez, um europeu é campeão nas Américas.

O país de Beckenbauer --e agora de Neuer, Müller, Lahm, Kroos, Hummels, Götze e Schweinsteiger-- conquista pela primeira vez um Mundial com técnica e habilidade além da habitual eficiência alemã. Todos os títulos anteriores, em 54, 74 e 90, estiveram associados a um jogo de força e pragmatismo, em finais em que o outro era ou favorito ou mais inovador.

Desta vez, não. O campeão mereceu sê-lo. A mais talentosa geração da Alemanha, que chegara em terceiro nas duas últimas Copas, enterrou o estigma de "quase".

Foi o primeiro título alemão após a reunificação do país, em 1990. A conquista anterior, naquele mesmo ano, veio antes da oficialização, ocorrida em outubro.

A chanceler do país, Angela Merkel, festejou com o time no vestiário do Maracanã.

O quarto título igualou a Alemanha à Itália. Ambas perdem somente do Brasil, com cinco conquistas.

Quando o capitão Lahm ergueu a Copa, pouco antes de Dilma Rousseff e Joseph Blatter serem vaiados --e ela xingada-- por muitos dos brasileiros entre os 74.738 presentes, a festa estava completa.

Schweinsteiger, com curativo no rosto, puxou a fila na subida às tribunas. Todos levantaram e beijaram a taça.

Após saudarem a torcida, os campeões fizeram uma roda em torno da taça e, embalados por cantos da arquibancada, dançaram algo desengonçados. Alguns acharam que parecia uma dança pataxó, dos índios com quem os alemães interagiram em sua passagem pela Bahia.

Quatro vezes eleito melhor do mundo, o argentino Messi foi escolhido o melhor da Copa. Na final, esteve a maior parte do tempo apagado. Em sua melhor chance, aos 2 min do segundo tempo, foi lançado por Biglia, entrou sozinho e chutou rasteiro, para fora. Disse depois que o prêmio não lhe importava nada.

Numa partida disputada --pela terceira Copa seguida, a final foi para a prorrogação--, as melhores chances foram dos argentinos, que reclamaram ainda de um pênalti de Neuer em Agüero.

O técnico alemão, Joachim Löw, teve a ousadia premiada. Aos 31 min do primeiro tempo, o volante Kramer, substituto de Khedira --que sentiu a panturrilha no aquecimento--, também saiu machucado. Löw pôs no lugar um meia-atacante, Schürrle.

Os alemães, que eram pressionados, cresceram. Schürrle não só fez a jogada do gol como foi uma das melhores opções ofensivas do time.

Outra substituição de Löw foi Götze no lugar de Klose, aos 43 min do segundo tempo. O veterano atacante, 36 anos e 16 gols em Copas, que neste Mundial superou Ronaldo como o maior goleador, saiu ovacionado. O jovem atacante, o segundo mais novo do elenco alemão (22 anos), entrou para virar herói.

Os brasileiros ajudaram a engrandecer o título alemão ao sofrer seu maior vexame em cem anos de seleção, a goleada (7 a 1) no "Mineiraço".

Os sete dos alemães naquele jogo ajudaram a fazer com que a Copa igualasse o recorde de gols marcados em uma Copa (171), igual a 1998.

Enquanto os brasileiros ficaram marcados pelo descontrole emocional e pelas lágrimas em campo, aos alemães só restou comemorar.


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