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entrevista - dunga

Não vou vender um sonho; a realidade precisa de trabalho

Aos 50 anos, o novo técnico afirma que o torcedor não deve ser iludido, cobra comprometimento dos jogadores e aponta Copa da Rússia como objetivo principal

BERNARDO ITRI ENVIADO ESPECIAL AO RIO

A seleção brasileira iniciou nesta terça-feira, dia 22, sua segunda fase com Dunga, 50, como o técnico.

Treinador da equipe entre 2006 e 2010, o ex-jogador foi apresentado novamente como o comandante do time nacional pelos próximos quatro anos, com foco no Mundial de 2018, na Rússia.

Em entrevista ontem na sede da CBF, no Rio, expôs diferenças no trabalho que pretende levar adiante em relação ao realizado por Felipão, seu antecessor. "Não vou vender um sonho, vou vender uma realidade."

Antes do Copa, Felipão e Parreira diziam, com ênfase, que o Brasil seria campeão.

Rumo à Rússia

Ele deixou claro que o foco de seu trabalho será construir uma equipe para a Copa-2018, mas que o percurso até a Rússia será complicado.

"Na minha primeira passagem, foi pedido para resgatar o valor da seleção, a camisa e obter resultados. Só conseguimos isso [primeira colocação nas eliminatórias] com resultados. A segunda passagem é preparar a seleção para a Copa de 2018. No caminho, nós vamos ter uma Copa América e vamos encontrar seleções em ótima fase."

Nada de sonho

Mostrou clara diferença em relação aos discursos de Felipão, ex-técnico, e Parreira, ex-coordenador da seleção, que afirmavam que o Brasil venceria a Copa-2014.

Ressaltou que não se deve iludir o torcedor. "O carinho do torcedor é o mesmo. Ele está machucado, mas a seleção significa muito para o povo brasileiro. Não vou vender um sonho, vou vender uma realidade. E a realidade precisa de trabalho. Não podemos passar para o torcedor que somos os melhores. Quando o adversário olha no teu olho e vê que você não quer ganhar, ele quer. A camisa brasileira é respeitada, mas eles querem ganhar de nós de qualquer forma. Temos que ser mais compactos, ter mais comprometimento". Não se pode, disse, "achar que vamos ganhar a Copa antes de a Copa acontecer".

Equilíbrio emocional

Indiretamente, citou os choros dos jogadores durante jogos da Copa. "O Brasil sempre vai ter jogadores de grande talento. Agora, nós temos que aliar a esse talento o comprometimento, o trabalho, a humildade, o equilíbrio emocional, o equilíbrio de demonstrar suas emoções no momento certo", afirmou.

Futebol em debate

Disse que, apesar de só ter trabalhado no Inter-RS desde a Copa da África, conversou com ex-jogadores e treinadores sobre o futebol para se aprimorar. "Durante a Copa, fazíamos reuniões mais tranquilas com [Arrigo] Sacchi, [Ruud] Gullit, [José Mari] Bakero, falávamos das situações novas do futebol."

Paciência de Mandela

"Eu acredito muito no torcedor brasileiro. Minha meta é mudar a maneira de as pessoas pensarem a meu respeito", disse Dunga sobre as enquetes em sites que indicaram rejeição à escolha dele.

Nesse momento, citou Nelson Mandela, primeiro presidente da África do Sul após o Apartheid e líder da resistência não violenta ao regime de segregação racial. "Mandela tinha tudo contra e conseguiu mudar a forma de as pessoas pensarem com paciência. Espero que eu possa ter 1% da paciência dele", afirmou, fazendo a ressalva de que não sente a rejeição no dia a dia.

Ele, Gallo e Gilmar

Dunga prometeu seguir o pensamento pregado pela CBF, de integrar o trabalho das categorias de base da seleção com o do time principal. "Vamos trabalhar juntos com as categorias de base, com o Gallo, e a coordenação do Gilmar. A CBF está nesse planejamento há dois anos e vamos dar sequência. Temos de colocar os jogadores aos poucos, e eles não vão entrar por serem novos, mas por competência", afirmou.

"Não precisamos fazer dessa Copa terra arrasada, há coisas que podem ficar. A gente viu na Copa que é importante o talento, mas o planejamento também."

A mídia e a culpa

Admitiu relação difícil com a imprensa na sua primeira passagem. "Por ser oriundo do futebol, na outra passagem, foquei mais no trabalho dentro de campo. Agora é normal que tenha que aprimorar meu relacionamento com a imprensa. É minha culpa pela relação que tivemos."

Dunga, porém, deu uma alfinetada em um jornalista durante a entrevista. Um repórter se apresentou e tentou mostrar o local onde estava para que o técnico o avistasse. Após algumas indicações do jornalista, Dunga, que não olhava para ele, soltou, com ironia: "Ele acha que é bonito para eu olhar para ele".


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