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Presidentes de clubes rivais criticam punição ao Grêmio
RACISMO
Para jurista Ives Gandra Martins, clube tem de ir à Justiça comum
Cartolas e advogado se posicionaram contra a punição ao Grêmio após o episódio de racismo envolvendo torcedores do clube gaúcho e o goleiro santista Aranha, durante partida da Copa do Brasil, na semana passada.
"Eu acho que não se pode punir o cube quando você identifica o torcedor", argumenta o presidente do São Paulo, Carlos Miguel Aidar.
"Suponha que alguém mal intencionado se misture à torcida do São Paulo, atire alguma coisa no campo e o clube, mesmo identificando o sujeito, acaba sendo punido..."
Já o presidente do Atlético-MG preferiu citar as origens do mandatário do Grêmio, Fábio Koff, para justificar por que o time não deveria ser penalizado pelo episódio.
"Sou absolutamente contra [a pena]. O Koff é filho de imigrante. E como todo imigrante árabe, sofreu preconceito. Não sou contra o racismo só porque é bonito ser contra, mas porque meu avô sofreu racismo. Eu era chamado de turco filho da p...' no colégio", disse Alexandre Kalil.
Na sexta-feira passada, antes do julgamento, o presidente santista, Odílio Rodrigues, também se mostrou contra a punição ao Grêmio. Ontem, não respondeu às solicitações da reportagem.
PARECER JURÍDICO
O jurista Ives Gandra Martins também opina que o Grêmio não deveria ter sido punido e defende que recorra imediatamente da pena.
"Acho um absurdo [a punição ao Grêmio]. Flamengo, Corinthians e São Paulo têm milhões de torcedores. Como o clube vai se responsabilizar pelo cidadão?", questiona, para logo em seguida fazer uma analogia fora do universo dos esportes.
"Como fica se um funcionário do governo federal comete um crime? A presidente [Dilma Rousseff] é a responsável? A presidente não tem como controlar todos os funcionários do governo federal", compara Ives Gandra.
"Esse [racismo] é crime. Cabe punição penal e indenização. Mas não ao clube, que não fez nada para incentivar o racismo e nem foi beneficiado pelo episódio. O clube tem de recorrer à Justiça comum imediatamente. Não precisa nem esperar que se esgotem as instâncias esportivas." (EDUARDO OHATA, MARINA GALEANO E RAFAEL REIS)