Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Esporte

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Gremista nega intenção de ofender Aranha e afirma sofrer ameaças

RACISMO
Segundo polícia, Patrícia alega que gritos de "macaco" são usuais e não visavam goleiro

FERNANDA CANOFRE COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM PORTO ALEGRE BERNARDO ITRI DO PAINEL FC

"Ela diz como a torcida estava falando 'macaco', ela também proferiu. Mas a questão não é especificamente ofender a honra daquele goleiroCLÉBER FERREIRAdelegado, sobre o depoimento de Patrícia Moreira Arrependimento existe plenoAlexandre rosssatoadvogado de Patrícia Moreira

A auxiliar de odontologia Patrícia Moreira, 23, torcedora do Grêmio identificada como autora de ofensas raciais contra o goleiro Aranha, negou nesta quinta-feira (4) que tivesse a intenção de ofender o jogador do Santos.

Patrícia prestou depoimento na Polícia Civil em Porto Alegre, acompanhada do advogado e do irmão, mas não quis falar com a imprensa.

As ofensas da torcedora, e de outros torcedores gremistas, culminaram na eliminação do time gaúcho da Copa do Brasil --em decisão inédita em casos de racismo.

De acordo com o delegado Cléber Ferreira, Patrícia esteve calma durante o depoimento e não respondeu se estava arrependida. "Ela não nega ter proferido aquelas palavras, mas diz que a intenção dela não era ofender o goleiro do Santos. Simplesmente, ela falou porque foi no embalo da torcida", afirmou.

Segundo Ferreira, Patrícia disse que os cânticos com a palavra "macaco" são usuais na torcida e que não foram direcionados ao goleiro.

Apesar de não ter definido formalmente sua atitude como racista, para a polícia, ela reconhece que ofendeu a honra de outra pessoa.

Segundo o delegado, a estratégia apresentada pela defesa é de afastar o dolo.

"Ela explica que, no próprio [hino da torcida do] Internacional, eles se dizem macacos'. Diz como a torcida estava toda falando macaco' e proferindo aquelas palavras, ela também proferiu. Mas a questão dela não é especificamente ofender a honra daquele goleiro."

No depoimento que durou cerca de uma hora, afirmou ainda não fazer parte de torcidas organizadas e que essa foi só a terceira vez que foi à Arena do Grêmio.

Patrícia, que perdeu o emprego após o episódio, também relatou que tem sofrido ameaças por telefone e nas redes sociais, além de ter tido sua casa apedrejada.

O delegado também disse que fotos retiradas das redes sociais da torcedora, antes que ela deletasse seus perfis, podem também fazer parte do inquérito, mas afastou a possibilidade de Patrícia ser acusada por racismo.

Para a polícia, o caso é de injúria racial, crime afiançável que pode acarretar pena de um a três anos de reclusão.

Alguns poucos manifestantes ligados à Unegro (União de Negros pela Igualdade) levaram faixa ao local para protestar contra o racismo. Um deles chegou a gritar para a torcedora: "Vem falar com o macaco aqui agora!"

O advogado de Patrícia, Alexandre Rossato, disse à Folha que a torcedora está arrasada e que não considera sua atitude racista e também que nunca foi racista, tendo inclusive namorado negros. "Arrependimento existe pleno", afirmou.

AUDITOR SE AFASTA

O auditor do Superior Tribunal de Justiça Desportiva Ricardo Graiche, um dos que votaram pela punição ao Grêmio, pediu afastamento da 3ª Comissão Disciplinar do órgão. Segundo a Rádio Gaúcha, Graiche teria postado "diversas fotos com conteúdo preconceituoso em uma rede social no ano de 2012."

Uma das imagens divulgadas pela rádio mostra uma criança negra enrolada em um rótulo de Pepsi, com a mensagem "quer um gole?", supostamente postada no Facebook pelo auditor.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página