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Pelé é alvo de críticas de representantes de movimentos negros

RACISMO
Ex-jogador havia dito que goleiro Aranha 'se precipitou em querer brigar com a torcida do Grêmio'

RAFAEL REIS DE SÃO PAULO

"Essa fórmula Pelé" de combate ao racismo tem parte da responsabilidade pelo racismo ainda estar enraizado na sociedade brasileira. Combater o racismo sem mostrá-lo é uma posição um tanto esquizofrênica."

A avaliação do advogado Hédio Silva Junior, ex-secretário de Justiça de São Paulo e diretor-executivo do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades mostra como as declarações de Pelé sobre o "caso Aranha" inflamaram os grupos de combate à desigualdade.

O maior jogador da história disse na quarta-feira (10) que o goleiro do Santos se precipitou "em querer brigar com a torcida do Grêmio" depois de ter sido chamado de macaco e defendeu que a melhor estratégia para combater o preconceito racial é não dar destaque ao assunto.

"É possível que se o Pelé tivesse paralisado pelo menos um jogo em que foi chamado de macaco enquanto era o jogador, o Brasil seria atualmente um país menos racista", criticou Silva Júnior.

Já o secretário municipal de Promoção da Igualdade Racial de São Paulo, Antonio Pinto disse não ter se surpreendido com as declarações porque Pelé é "mal formado nessas questões de racismo" e alertou que a opinião do ídolo do futebol "pode provocar um retrocesso a um direito humano fundamental, que é igualdade."

"Adoraria que o Edson Arantes do Nascimento tivesse a mesma genialidade para perceber as mazelas do povo dele que ele tinha dentro de campo. O Pelé é um ícone mundial, com Michael Jackson e Muhammad Ali, e deveria aproveitar essa imagem para qualificar o debate sobre racismo no mundo."

Enquanto os envolvidos no combate ao racismo criticaram de forma pesada Pelé, ex-jogadores tentaram explicar a forma de pensar do Rei do Futebol, mas não defenderam suas polêmicas opiniões.

"No nosso tempo, os jogadores chamavam de macaco, preto, crioulo, a gente [branco], de viado. Mas era para desestabilizar. No tempo do Pelé, essas coisas não eram tão valorizadas. Hoje, as ofensas são muito mais fortes, diretas. Não são mais gozação", contou o técnico Zico.

O ex-lateral Zé Maria, que integrou o movimento Democracia Corinthiana nos anos 1980, liderado por Sócrates, tem opinião semelhante.

"Na nossa época, era normal. A gente ouvia essas coisas, mas reagia com raiva em campo, vontade de ganhar. Mas o mundo mudou. Hoje, não dá mais para tolerar."


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