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Clássico contra São Paulo explica temor corintiano

Homofobia Clube teme que grito de 'bicha' contra Ceni cause perda de pontos

ALEX SABINO DE SÃO PAULO

Por temor de uma punição do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), o Corinthians lançou um apelo nesta sexta (dia 12) aos seus torcedores para que abandonem os gritos homofóbicos nos estádios.

Em seu site oficial, o clube paulista publicou uma nota pedindo o "fim do grito de bicha' no tiro de meta do goleiro adversário".

Em todas as partidas com mando do Corinthians, a torcida grita "bicha" justamente no momento em que o arqueiro chuta o tiro de meta.

A Folha apurou que o pensamento da diretoria está voltado para Rogério Ceni e para o clássico contra o São Paulo, que acontece no dia 21, no Itaquerão. O receio é que o STJD faça denúncia contra o Corinthians por causa de ações homofóbicas.

É um raciocínio correto. O procurador-geral do tribunal, Paulo Schmitt, reconheceu que o órgão vai vigiar mais de perto este tipo de discriminação nos estádios.

"Espero que todos fiquem mais atentos a essa questão a partir de agora. Eu estarei. Até porque cantos preconceituosos podem ensejar a punição dos clubes", alertou Schmitt, confirmando os temores corintianos.

Segundo o procurador, qualquer clube denunciado por gritos "preconceituosos" pode ser julgado de acordo com o CBJD (Código Brasileiro de Justiça Desportiva) e o o Estatuto do Torcedor.

O CBJD prevê perda de três pontos "caso a infração seja praticada simultaneamente por considerável número de pessoas vinculadas a uma mesma entidade de prática desportiva". Em caso de reincidência, a pena dobra.

"Se acontecer, vamos esperar que constem em súmulas, mas se o fato ganhar notoriedade, podemos solicitar imagens ou outras provas", observa Schmitt.

A súmula é o relatório sobre a partida feito pelo árbitro logo após o jogo.

ACÚSTICA

O xingamento ganhou força quando o Corinthians enfrentou o São Paulo no Pacaembu pelo Campeonato Paulista, em março deste ano.

O confronto do dia 21 será a primeira visita do rival do Morumbi ao Itaquerão, estádio com uma acústica melhor do que a do Pacaembu. No novo estádio, os gritos de "bicha" ficariam mais evidentes.

As manifestações homofóbicas no torneio estadual levaram a Coordenação de Políticas para LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros) da Prefeitura de São Paulo a denunciar o Corinthians ao TJD (Tribunal de Justiça Desportiva) da Federação Paulista. Mas o caso não foi levado adiante.

Consultados pela reportagem, representantes do órgão da Prefeitura disseram desconhecer a nota divulgada pelo clube. Mas dizem que estarão atentos a possíveis novas manifestações homofóbicas no futebol.

Os dirigentes corintianos acreditam que, se o caso for levado ao STJD, o risco de punição é real. Neste ano, Paulo Schimitt já denunciou dois jogadores do time por agressões a árbitros. Petros chegou a ser suspenso por seis meses, mas a pena foi reduzida para três partidas após recurso. Guerrero foi absolvido.

Conhecido como Wagner BO, Wagner da Costa, presidente da Gaviões da Fiel, a maior torcida organizada do clube, afirma que os gritos homofóbicos na hora dos tiros de meta são iniciados pelos torcedores comuns, não pelas organizadas.

"Os Gaviões não têm nada a ver com isso. Não puxamos este coro e não vamos fazer nada a respeito. Não é nossa responsabilidade", disse o presidente da torcida.

No entanto, em jogos contra o São Paulo, membros da Gaviões costumam entoar um canto cujo trecho é: "Dessas bichas teremos de ganhar."


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