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Sereias S.A.

Ex-atletas da seleção de nado sincronizado mergulham no show business, criam grupo para performances aquáticas e nadam contra a maré olímpica

MARCEL MERGUIZO DE SÃO PAULO

O mergulho é na piscina mas, ao emergirem, aquele fundo azul é, na verdade, um palco para elas.

O nado sincronizado, então, volta a ser balé aquático.

Como no filme "Escola de Sereias", que alçou a nadadora Esther Williams a diva em Hollywood em 1944, seis atletas com passagens recentes pela seleção transformam em arte o esporte que se tornou olímpico justamente na capital do cinema, Los Angeles, em 1984, quando nenhuma delas tinha nascido.

Setenta anos depois do filme, as gêmeas Daniella e Gabriella Figueiredo, 22, Maria Eduarda Wolf, 22, Camila Ururahy, 25, Maria Eduarda Werneck, 22, e Giovanna Bueno, 20, formaram o grupo de shows aquáticos chamado Sirenas --sereias, em espanhol.

Atletas do Flamengo e amigas há quase uma década, elas nadaram contra a maré que poderia levá-las à Olimpíada do Rio em 2016 e mergulharam em ensaios e produções mais artísticas, para apresentações em eventos, festas ou peças publicitárias.

"Todas meninas já foram a campeonatos sul-americanos, pan ou mundiais pela seleção. A maioria saiu para estudar, talvez por não ver um futuro no nado, já que é uma seleção muito instável. E aí não dava mais para conciliar, treinos, faculdade, trabalhos", explica Daniella Figueiredo, que deixou o selecionado nacional após o Mundial do ano passado.

Hoje, além de atleta do Flamengo e uma das Sirenas, Daniella é estudante de Direito e estagiária do Ministério Público Federal, no Rio.

As Sirenas dividem o tempo entre estudo, trabalho, os treinos para representar o clube rubro-negro no Campeonato Brasileiro, em novembro, e os ensaios para as futuras apresentações artísticas. Antes de formarem o grupo, algumas delas já tinham feito shows ou comerciais para os quais eram convidadas. Os cachês chegam a R$ 400 por nadadora.

A equipe brasileira treina seis vezes por semana, no Rio, e as atletas recebem salário de aproximadamente R$ 800, além de benefícios como o Bolsa Atleta.

"Nada paga a experiência de participar da seleção. Mas, no momento, todas nós temos outras prioridades, resolvemos focar em outra parte das nossas vidas e criamos as Sirenas como uma forma de continuarmos fazendo o que mais amamos, sem ter que abrir mão de outras coisas", explica Gabriella.

Ela e a irmã foram as estrelas de pequenos filmes promocionais da Copa do Mundo feitos pela HBS, empresa contratada pela Fifa.

De inauguração de hotéis a propaganda de biquínis, as coreografias dentro d'água inspiram as "sereias" a buscar mares dantes navegados por outras atletas. A inspiração veio do grupo norte-americano Aqualillies, criado em 2008, em Los Angeles, e considerado o precursor na redescoberta do esporte como balé aquático, como na Hollywood dos anos 40 e 50.

Técnica da seleção brasileira adulta de nado sincronizado, Maura Xavier apoia o mergulho delas no show business. "Vejo positivamente, pois é mais uma forma de promover nosso esporte", diz.

Segundo a treinadora, as atletas do Flamengo podem retornar à seleção caso tenham como meta os Jogos de 2016. Bastaria que estivessem entre as duas escolhidas na seletiva para a equipe nacional, que acontece em meados de outubro. "Esta seletiva é aberta para todas que tenham o objetivo olímpico. Acho que a decisão do atleta é algo muito pessoal", opina Maura.

A onda das atletas, contudo, está mais para sereias do que para olímpicas.


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