Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Esporte

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Fifa decide proibir investidores de negociar jogadores

MERCADO
Veto a participação de empresas nos direitos econômicos de atletas deve entrar em vigor em até 4 anos

LEANDRO COLON ENVIADO ESPECIAL A ZURIQUE RAFAEL REIS DE SÃO PAULO

A Fifa anunciou nesta sexta (25) que decidiu proibir a participação de investidores nos direitos econômicos dos jogadores de futebol.

A medida visa vetar que fundos de investimentos e empresas lucrem com as transferências de atletas, restringindo esse tipo de mercado somente para os clubes.

A decisão foi tomada pelo comitê executivo da Fifa, que se reuniu nos dois últimos dias em Zurique, e divulgada pelo presidente da entidade, o suíço Joseph Blatter.

"Tomamos uma firme decisão de que as terceiras partes devem ser banidas."

A mudança terá forte impacto nos clubes brasileiros. Segundo estudo da empresa de consultoria KPMG, 80% do valor de mercado dos jogadores que atuam no país pertencem atualmente aos investidores. Não foi divulgado, porém, quanto essas empresas têm em mãos.

São casos como o de Ganso. A DIS, braço esportivo do Grupo Sonda, detém 68% dos direitos sobre valores de uma eventual venda futura do jogador. O São Paulo, só 32%.

Já o Corinthians tem apenas 25% do valor gerado por uma possível negociação do volante Bruno Henrique. O Banco BMG tem outros 25%, e a SM Sports, empresa que administra o Londrina, 50%.

A mudança não é imediata. Segundo a Fifa, a alteração será implementada em até quatro anos para que os mercados do futebol se adaptem. Esse prazo deve ser definido entre dezembro de 2014 e março de 2015 por uma comissão de trabalho.

"Basicamente, a Fifa decidiu que iria proibir a participação dos terceiros'. Agora, vamos montar projeto de como irá funcionar", disse Marcos Motta, advogado brasileiro que integra essa comissão.

Em tese, a medida da Fifa busca mais transparência em transações milionárias, algumas, sobretudo na Europa, com suspeitas de serem usadas para lavar dinheiro.

Ainda de acordo com a KPMG, o valor somado dos jogadores que atuam na Europa e estão nas mãos de investidores poderia chegar a € 1,1 bilhão (R$ 3,3 bilhões), o que representa até 5% de todo o mercado do continente.

O número só não é maior porque a participação dessas empresas já era proibida na Inglaterra e na França e uma prática pouco comum na Itália e na Alemanha.

São os clubes da América do Sul e do Leste Europeu, além de Espanha e Portugal, que sentirão mais os impactos dessa reforma.

A profundidade da mudança, porém, ainda está por ser definida. O advogado Motta, da Fifa, reconhece que ainda existem muitas dúvidas sobre a regulamentação.

VITÓRIA DE PLATINI

A decisão pode ser considerada uma vitória do presidente da Uefa, Michel Platini, sobre os sul-americanos.

Depois de falhar na articulação da candidatura para enfrentar Blatter pelo comando da Fifa em 2015, ele conseguiu aprovar uma de suas maiores bandeiras. "A medida é muito positiva para a liberdade dos jogadores e a transparência e integridade do jogo", disse o ex-jogador.

A Folha apurou que a votação foi incluída na pauta do comitê executivo só na terça (dia 23), sem tempo para que os dirigentes sul-americanos armassem uma contra-proposta. Os cartolas da Conmebol queriam apenas uma restrição, não o veto aos fundos de investimento.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página