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Despesas de times de futebol sobem mais que as receitas

MERCADO
Comparado ao ano anterior, 2013 teve crescimento de gastos de 16%

RAFAEL REIS DE SÃO PAULO

O futebol brasileiro ignorou a retração da economia e a desaceleração do mercado esportivo no país e ampliou seus gastos em uma proporção maior que as receitas durante a temporada passada.

É o que aponta estudo da consultoria Itaú BBA com base nos balanços de 23 clubes que passaram pela primeira divisão do Brasileiro entre os anos de 2010 e 2013.

Os resultados mostram que esses times receberam no último ano 9,6% a mais do que em 2012. Enquanto isso, as despesas cresceram 16,1%.

A situação preocupa porque, na avaliação dos pesquisadores, não se trata de um caso isolado. Mostra que os dirigentes não souberam aproveitar o "boom" financeiro dos últimos anos para se preparar para momentos mais duros, como o atual.

Graças a novos e polpudos acordos de venda dos direitos de transmissão de suas partidas, as receitas dos clubes brasileiros tinham crescido a taxas superiores a 30% por ano em 2012 e 2013.

Em 2013, com o fim das luvas (prêmio por assinatura de contratos) pagas pela Globo nesses acordos e a dificuldade de obtenção de patrocinadores devido ao esfriamento da economia brasileira, o crescimento ficou em 9,6%.

Pela primeira vez desde a entrada desse "dinheiro novo" no mercado, as despesas subiram mais que as receitas. O custo dos clubes havia aumentado 19,5% em 2012 e 22,3% nos anos anteriores.

No total, os 23 clubes analisados receberam R$ 3,1 bilhões e gastaram R$ 2,6 bilhões em 2013. A conta só fecha no azul graças à receita de venda de jogadores, como Lucas, Neymar e Bernard.

"Os dirigentes achavam que as receitas continuariam crescendo infinitamente e ficaram gastando. Eles agem como torcedores. Não administram o clube de forma profissional. Quando estavam com dinheiro na mão, sentiram-se na necessidade de contratar estrelas porque o rival estava fazendo o mesmo", disse o gerente de crédito do Itaú BBA, Cesar Grafietti, responsável pelo estudo.

O consultor de gestão esportiva Amir Somoggi também acredita que os clubes não souberam aproveitar o momento positivo do mercado para melhorar a saúde financeira e reestruturar seus setores que geram receitas, como o marketing.

Segundo Somoggi, contratações milionárias, como a de Pato (R$ 47 milhões, na cotação atual), pelo Corinthians, e a de Leandro Damião (R$ 42 milhões), pelo Santos, só serviram para inflacionar o mercado, nos preços dos direitos econômicos e em salários.

"O erro foi não ter entendido que aquele era um momento único e que deveria ter sido aproveitado para os clubes pagarem duas dívidas e planejarem orçamentos para o futuro. Mas não, eles gastaram tudo em curto prazo", afirma Somoggi.

Ambos concordam em outro ponto. Se o cenário foi ruim no ano passado, a tendência é que os balanços dos clubes em 2014 e 2015 sejam piores. "Não se viam mais tantos salários atrasados como agora", diz Grafietti.


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