Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Esporte

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Quarta invasão

Torcida faz do churrasco café da manhã, invade bares e muda a cara do domingo de São Paulo

FABIO LEITE RAFAEL REIS RAFAEL VALENTE DE SÃO PAULO

Se o Japão viveu durante o Mundial de Clubes a terceira invasão dos corintianos, São Paulo começou a conhecer ontem a quarta. Milhares de pessoas pintaram a cidade de preto e branco antes, durante e após a decisão.

A invasão mudou o cotidiano das manhãs paulistanas de domingo, fez o bairro mais corintiano da capital madrugar e tomou até mesmo um tradicional reduto de torcedores de times estrangeiros.

TODO MUNDO VENDO

Faltavam duas horas para a decisão e torcedores corintianos já eram vistos na região da avenida Paulista em busca de locais para assistir ao jogo contra o Chelsea.

Durante a final, a avenida ficou quase deserta. Apenas alguns ciclistas -em quantidade inferior à de outros domingos-, e poucos moradores transitavam por lá.

Depois do jogo, milhares de torcedores foram à avenida para festejar. Ocuparam as calçadas e parte da Paulista com bandeiras e faixas.

No Pacaembu, o bar O Torcedor, que transmitiu a partida em um telão, também lotou. Ao final do duelo, alguns torcedores choraram.

O Parque do Ibirapuera, que também costuma receber um grande número de pessoas aos domingos, estava muito vazio e sobravam vagas no estacionamento.

'CIDADE CORINTHIANS'

Em Cangaíba, bairro da zona leste com a maior concentração de corintianos da capital -47%, segundo o DNA Paulistano 2012 -, a churrasqueira foi acesa às 7h.

Era o petisco dos fanáticos torcedores que abriram o Bar do Jonas às 4h15 com uma queima de fogos que acordou boa parte da vizinhança.

Mas lá só há duas alternativas para os torcedores rivais: fugir de casa ou se juntar ao "bando de loucos".

Para o são-paulino Betão, 42, policial militar saído do turno da madrugada, a escolha foi secar o Corinthians em reduto adversário, o boteco do amigo Jonas Felipe, 48.

"Quando o São Paulo foi campeão, fizemos churrasco com picanha. Aqui eles fazem com miolo de acém e a cerveja é quente", provocou Betão.

As cornetadas foram logo abafadas pelos gritos puxados pelo amigo corintiano.

"Aqui é a maior concentração de corintianos da Terra. Mas é democracia. Vem todo mundo secar o Corinthians, mas não adianta", disse Jonas, que patrocinou a festa com cerveja, alcatra e seis minutos de foguetório. Como se já soubesse que o dia seria de festa, ele comprou uma bateria de fogos com 10.800 tiros.

Em outro boteco, na avenida São Miguel, um senhor que parecia sósia do ídolo corintiano Biro-Biro cantava sozinho o hino do clube no videokê. Do lado de fora, os torcedores alvinegros faziam a festa e não demorou muito para bloquearem a via.

A Força Tática da Polícia Militar usou bombas de efeito moral para dispersar os corintianos e liberar a avenida.

ABANDONADO NO PUB

Na região dos Jardins, pubs de estilo inglês também atraíram ontem pessoas interessadas em torcer ou secar.

Fabio Bolsanelli, 34, gosta de futebol, mas não torce para nenhum time. "Sou anticorintiano mesmo", falou.

Ontem, acordou cedo, vestiu a camisa da seleção de rúgbi da Inglaterra e se mandou com amigos, torcedores do clube que ele ama odiar, para o O'Malley's.

Acreditava que acharia no pub fãs do Chelsea. Mas se deu mal. Abandonado pelos ingleses, foi a voz destoante entre as 85 pessoas que acompanharam a final no bar.

Por duas horas, ouviu gritos de "Vai, Corinthians" e ofensas impublicáveis a Frodo, personagem de "O Senhor dos Anéis" que lhe empresta o apelido. "Eu achei que teria mais gente do Chelsea aqui, mas fiquei sozinho e sobrou tudo para mim", afirmou.

Os estrangeiros aderiram ao Corinthians. O casal de ingleses que tomava café torcia para o Liverpool. E o suíço Daniel Persson, 35, aplaudia e vibrava discretamente. "Não sou muito ligado em futebol, mas queria ter essa experiência de ver um jogo importante no Brasil. Se é para escolher, fico com o Corinthians."


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página