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Fábio Seixas

A lista das utopias

Brasil termina o ano com só um piloto confirmado na F-1 e sem perspectiva de uma mudança de cenário

Em sua edição de Natal, na última terça-feira, a "Folha Corrida" trouxe o resultado de uma consulta com os leitores. A pergunta, feita desde o início de dezembro, foi "o que você gostaria de ler no ano que vem?"

Uma brincadeira, num dia de noticiário tranquilo e num espaço que tem essa vocação mais leve e descontraída.

A página trouxe 18 "manchetes" fictícias, pendulando do acordo de paz entre israelenses e palestinos ao fim da seca no sertão nordestino. A principal delas, publicada no alto: "Em seis meses, mundo não terá mais analfabetos, afirma ONU". Desejos reais de um mundo idílico.

E havia uma, apenas uma, de esporte: "Massa ultrapassa Vettel na última volta, bate recorde em Interlagos e é campeão da F-1". A ilustração, de Pablo Mayer, trazia o piloto em seu macacão vermelho, chorando, derramando champanhe na cabeça, abraçado a um troféu.

É de parar para pensar.

De novo: a página foi uma brincadeira, não uma pesquisa com valor científico. Mas foi feita com base em sugestões de leitores. E há quem encare uma conquista na F-1 como a "notícia dos sonhos".

Não, a ideia não é ir na linha do "há coisas mais importantes". Sim, há. Mas uma vitória no esporte é sempre bacana, mexe com o orgulho nacional, vira festa na hora, faz o pessoal esquecer por um instante das durezas da vida. O que vale reflexão é a fixação por um título na F-1. E o fato de isso estar listado ao lado de algumas utopias.

É uma utopia? Cada vez mais, sim. E a ficha do público já caiu, mostra a lista da "Folha Corrida".

Em 2012, o brasileiro conquistou 43% dos pontos de Vettel, o campeão. Ok, ensaiou uma melhora no final do campeonato, mas, convenhamos, mais útil para sua autoestima do que para seus propósitos no Mundial.

Mas o pior é a falta de perspectiva. Se não for com ele, não será com mais ninguém a longo prazo.

Há enormes chances, aliás, de o ferrarista ser o único piloto do país na F-1: Bruno e Razia não acertaram com nenhuma equipe até agora e o funil está cada vez mais estreito -restam vagas só na Force India e na Caterham.

O país não tem um piloto promissor na fila, não tem um campeonato razoável de monopostos, não tem meia dúzia de autódromos decentes, não tem uma confederação que se preocupe com a crise que já chegou. Depende, como em tantos outras modalidades, da geração espontânea de talentos. E só.

Se de repente pintar um gênio, legal. O cenário real e a história do esporte indicam que a seca vai ser longa. E que talvez não acabe antes daquela outra, sua vizinha na página das utopias.

FÉRIAS

Esta coluna volta em fevereiro. Feliz 2013.

fabio.seixas@grupofolha.com.br


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