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Fábrica de meninos
Santos muda base, gasta com empréstimos e ganha a Copa São Paulo após 29 anos
O Santos voltou a comemorar um título da Copa São Paulo de futebol júnior após quase três décadas. O feito foi alcançado com um time sem estrelas, mas é um reflexo da mudança na gestão da base.
O time, que bateu o Goiás por 3 a 1, ontem, no Pacaembu, é dono da maior parte dos direitos econômicos dos 22 campeões -política adotada em todas as categorias.
Um cenário bastante diferente de três anos atrás. Naquela época, o clube costumava ficar com 50% ou menos dos direitos econômicos dos jogadores da base.
Os direitos eram divididos pelo clube com empresas e investidores. Hoje, o Santos possui em média 70% dos direitos dos seus jogadores.
"É algo difícil de ser mudado por completo. O futebol não possibilita isso por causa dos gastos, mas nossa política evita que o clube fique refém de terceiros", explica Luiz Fernando Moraes, gerente de futebol da base.
A política nova tem um reflexo financeiro. O clube gasta mais, porém vê uma possibilidade maior de retorno quando negociar os atletas.
O Santos investe R$ 13 milhões anuais nas categorias de base. São ao todo 250 atletas, além de comissão técnica. Em 2009, por exemplo, o gasto com o setor foi pouco mais de R$ 5 milhões.
Dos 11 titulares de ontem, apenas três atletas são exceção na nova política. O meia Léo Cittadini, o atacante Giva e o zagueiro Jubal estão emprestados ao Santos.
Segundo Moraes, eles têm contrato até início de 2013, mas o clube tem a preferência na compra. No ano passado, eles integraram o elenco campeão do Paulista sub-20.
O título reforça também o discurso de Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro, presidente eleito no final de 2009 e que atualmente está de licença. Ele sempre colocou a base como sua prioridade.
Além dos dois títulos, sua gestão ganhou ainda o estadual sub-17, em 2010.
"Cumprimos a característica do Santos de revelar talentos. Ainda contratamos jogadores de fora, mas a expectativa é usar cada vez mais nossa base", disse Luis Alvaro, presidente licenciado.
O investimento no setor teve início na gestão anterior, com Marcelo Teixeira, que apesar de uma política diferente também via nos pratas da casa uma saída para os problemas financeiros.
A primeira geração vitoriosa foi a de Diego e Robinho. Embora não tenham taças importantes pela base, eles ajudaram o Santos a encerrar o jejum de títulos ao conquistar o Brasileiro-2002.
O CT da base também foi inaugurado na gestão de Teixeira. Hoje há um projeto de ampliação para 2014.
"O presidente intensificou a captação de recursos, investiu na infraestrutura e tem um planejamento para fazer mais melhorias", disse Moraes.
AUMENTOS
O time campeão deste ano lembra a equipe de 1984 -ano do primeiro e até então único título santista. Apesar de alguns bons lances individuais, prevaleceu o coletivo.
Em edições passadas, o time teve talentos como Robinho, Diego, Neymar e Paulo Henrique Ganso, mas não foi campeão. Até por isso a diretoria já fala em uma valorização. "Vamos rever contratos e salários, eles merecem", disse Odílio Rodrigues, presidente em exercício.