Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Esporte

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Adeus ao Barão

Pioneiro em transmissões de rádio e pai de Emerson, Wilson Fittipaldi morre aos 92 anos

FÁBIO SEIXAS DO RIO

Ao contar esta história, o Barão se esmerava em criar todo um clima de suspense.

Em 1949, quando a F-1 ainda não era um campeonato e ainda nem se chamava F-1, ele viajou para a Itália para transmitir o GP de Bari.

Havia um motivo especial: no ano anterior, o brasileiro Chico Landi havia vencido a prova, uma das mais prestigiosas do calendário.

O bi era bem possível, encheria o país de orgulho e a rádio Panamericana seria festejada pela iniciativa.

Com esses argumentos, ele conseguiu convencer Paulo Machado de Carvalho, dono da emissora, a bancar o pioneirismo: uma corrida de automobilismo no exterior transmitida ao vivo por uma estação de rádio brasileira.

No dia da prova, surgiu um problema de última hora. A Radiotelevisione Italiana não forneceu todos os cabos que havia lhe prometido.

Não havia opção: ele teria de segurar quatro horas de transmissão sem retorno no fone. Sem ouvir São Paulo. Sem saber se a linha tinha caído. Sem a menor indicação de que alguém o escutava do outro lado do Atlântico.

Na hora combinada, ele ligou o microfone e mandou ver. Quatro horas direto, sem intervalos, sem pausas.

Assim que a prova acabou -Landi não venceu-, ele voltou correndo ao hotel para telefonar para a emissora. "Estava apavorado, queria saber se tinha dado certo", dizia.

Na recepção, já havia um telegrama em seu nome, assinado pelo "marechal da vitória". Era apenas uma linha: "Ótimo, Wilson, parabéns".

"Tudo tinha dado certo", concluía, já às gargalhadas.

Wilson Fittipaldi, o Barão, já era veterano do rádio quando em 1972, também na Itália, narrou outro feito inédito: um título do Brasil na F-1.

Ao volante da mítica Lotus preta, não estava apenas um piloto qualquer, mas, sim, o mais jovem dos seus filhos.

O áudio está disponível no YouTube: "É o Brasil ganhando o campeonato mundial de automobilismo. Venceu Emerson Fittipaldi. Venceu o Brasil, minha gente!".

Filho de italianos, pai de Wilsinho e Emerson, ambos pilotos de F-1, o Barão não apenas narrava. Ele fazia.

Em 1950, foi um dos fundadores da Confederação Brasileira de Automobilismo.

E, ao lado de Eloy Gagliano, do Centauro Motorclube, criou a mais tradicional prova do esporte a motor no país, as Mil Milhas, em 1956.

"O bacana é que ele nunca impôs o automobilismo para os filhos. Ele os deixava à vontade, sem pressão", relata o ex-piloto Jan Balder, parceiro de Emerson em diversas provas na década de 1960.

A receita deu certo. Além dos filhos, o Barão viu o neto Christian correr na F-1.

E acompanhou as primeiras aceleradas do bisneto Pietro -em 2012, foi campeão de uma divisão regional da Nascar, nos Estados Unidos.

Internado com problemas respiratórios desde 25 de fevereiro, o Barão morreu ontem no Rio de Janeiro, onde morava. Viúvo de Juze Fittipaldi, tinha 92 anos.

O enterro será hoje, às 14h30, no Cemitério da Paz, no Morumbi, em São Paulo.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página