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Hospedagem de amistoso no DF foi superfaturada
CBF
Notas fiscais revelam sobretaxa de 167% no jogo de Brasil e Portugal
O grupo empresarial responsável pelos pacotes VIP da Copa do Mundo de 2014 superfaturou a hospedagem da seleção brasileira num amistoso pago com dinheiro público, mostram notas fiscais obtidas pela Folha.
Em novembro de 2008, a Pallas Turismo, do Grupo Águia, foi responsável pela hospedagem das seleções de Brasil e Portugal em amistoso realizado em Brasília.
A partida foi bancada com dinheiro público do governo do Distrito Federal -R$ 9 milhões. Como a Folha revelou, o jogo é investigado por suspeita de desvio de dinheiro.
A empresa contratada foi a Ailanto Marketing, cujo dono é Sandro Rosell, presidente do Barcelona e denunciado na Justiça por fraude na organização da partida.
Segundo o Ministério Público do DF, Rosell foi beneficiado por uma dispensa ilegal de licitação do governo local e usou documento falso para comprovar a capacidade técnica da Ailanto.
Durante a investigação, a Polícia Civil suspeitou dos valores cobrados e pediu aos hotéis as notas fiscais. A Folha teve acesso à documentação. As notas chegam ao valor de R$ 79 mil, entre hospedagem e alimentação.
O valor discriminado como da seleção brasileira é de R$ 38 mil. Há valores de R$ 3.000 que não foram contabilizados como da seleção, mas que foram emitidos à Pallas.
Já na hospedagem da seleção portuguesa, o hotel cobrou cerca de R$ 41 mil.
A Pallas, ao cobrar da Ailanto, empresa que organizou a partida, informou que o total gasto só com a hospedagem das duas seleções foi de R$ 211 mil (sem contar gastos extras, que elevaram a conta para R$ 261 mil).
A Ailanto pagou a fatura com o dinheiro público que recebeu -a empresa apresentou à Justiça as notas fiscais e os extratos bancários como prestação de contas.
O Grupo Águia não respondeu até a conclusão desta edição. Já a defesa da Ailanto negou irregularidades.
RELAÇÃO
A agência Pallas é o braço do Grupo Águia que cuida da hospedagem da seleção. A Top Service, do mesmo grupo, vende pacotes VIP da Copa.
A Pallas é do empresário Wagner Abrahão, que cedeu um jatinho para Ricardo Teixeira ir a Miami quando este deixou a presidência da CBF.
Tanto a Pallas quanto a Top Service estavam entre a lista de beneficiadas em pagamentos da TAM para patrocínio da seleção.
Outra ligação entre Teixeira e a partida suspeita está em Rosell, amigo pessoal do cartola. À época, Teixeira negou relação com a partida e disse que a CBF havia cedido os direitos da organização do jogo.
A Polícia Civil apreendeu documentos na casa da sócia de Rosell que mostram transferências de R$ 705 mil dos donos da Ailanto a Teixeira.