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CLARICE REICHSTUL COLUNISTA DA FOLHA-- Tô saindo para pegar o avião. Comporte-se, hein? Tem que obedecer à Jô, à sua avó, ao seu avô"¦
-- E ao Groucho e ao Speedy também, né, mãe?
-- Como assim, filho?
-- É, mãe. Tenho que fazer tudo o que os gatos mandarem.
-- Hum, é sim. Faça tudo o que eles mandarem, já que mandam em toda a nossa vida mesmo!
-- Oba! O Speedy é bem malandrinho, né, mãe?
-- É"¦ O Speedy é bem malan"¦ Opa! Não venha querendo me levar na lábia, Seu Benjamim"¦ Mudei de ideia, não vai obedecer aos gatos não, já pensou? Vocês iam passar o dia na farra, só fazendo malandragens: rolando no saco plástico, vendo TV, escalando a pitangueira, brincando de esconde-esconde"¦
-- Ah, mãe! Puxa, eu quase consegui!
-- Conseguiu o quê, filho?
-- Ah, nada"¦
-- Como assim "nada"?
-- Mãe, pode deixar, eu vou obedecer à Jô, vou ao kung fu, tá combinado!
E lá se foi Benjamim tentando me convencer de todas as coisas que ele e os gatos fariam em minha ausência.
Se, por um lado, sabemos que a saudade aperta tanto para mim como para ele, por outro, é o tempinho em que ele tem a casa como território de explorações, e isso não é de se jogar fora.
Espero que ele aproveite: gatos, quartos, livros, panelas... E que durante esta semana a TV não reine onipresente na casa, nem em sua cabeça.
