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Cafuné

Brigadeiro alheio

CLARICE REICHSTUL COLUNISTA DA FOLHA

Confesso que roubei.

Eles estavam na geladeira. Chegaram na véspera do feriado, pelas mãos amigas dos vizinhos, que distribuíram mimos de Páscoa para todas as casas da rua. Eram quatro brigadeiros, daqueles bem gordinhos, numa caixinha transparente.

Benjamim foi viajar e os deixou para trás. Toda vez que eu abria a geladeira, eles me diziam com sua voz de granulado: "Venha, venha, somos uma delícia! Benjamim não vai nem se lembrar da gente quando voltar!"

Resisti bravamente por quase todo o feriado. Não foi só um fim de semana não, viu? Na sexta-feira, os brigadeiros deram uma piscadela. Sábado, mandaram um beijinho. Domingo, cantaram uma canção exaltando suas doces qualidades. Segunda-feira foi fatal, não deu pra segurar. Comi um. Apesar de desconjuntar o quarteto, não seria assim tão mal --afinal, sobrariam três.

Depois, num ataque de ansiedade, comi o segundo, pois número par é sempre mais bonito que número ímpar. Ficaram dois. Passaram-se cinco minutos e lembrei como aquele brigadeiro estava gostoso, com textura puxa-puxa, geladinho, humm"¦ Zupt! Só ficou um pra contar a história.

E agora? Bom, não dá pra deixar um brigadeiro sozinho na geladeira, né? E lá se foi o último docinho goela abaixo. É óbvio que fui descoberta pelo Benja, na volta do feriado.

Filho, desculpa! Nunca mais roubo o brigadeiro alheio!


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