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Com trilha para novo blockbuster brasileiro se firma em Hollywood

Filho de Ziraldo, Antonio Pinto já assinou músicas de "Central do Brasil" e "Cidade de Deus"

Músico compôs para "A Hospedeira", filme da mesma autora de "Crepúsculo", que estreia nesta semana

LUCAS NOBILE DE SÃO PAULO

Na próxima sexta-feira, quando estrear no Brasil "A Hospedeira", nova produção escrita por Stephenie Meyer (autora da saga "Crepúsculo"), com direção de Andrew Niccol, humanos correrão assustados por uma invasão alienígena.

No filme, as passadas apressadas do corre-corre entre ETs e terráqueos serão embaladas por músicas de um brasileiro.

Aos 45 anos, depois de assinar a trilha de filmes nacionais como "Central do Brasil", "Cidade de Deus", "Abril Despedaçado" e de séries de TV como "Cidade dos Homens", o carioca Antonio Pinto se tornou o compositor brasileiro mais requisitado pelos estúdios americanos.

Ele começou a chamar a atenção em 1998, com a indicação de "Central do Brasil" para concorrer ao Oscar de melhor filme estrangeiro.

"Hoje, acho a trilha de 'Central' uma merda. Tem excessos. A trilha não pode querer aparecer mais do que a história", pondera o músico.

Depois, surgiram convites e ele assinou as trilhas de filmes com astros de Hollywood. Na lista, "Colateral" (com Tom Cruise, 2004), "Senhor das Armas" (com Nicolas Cage, 2005), "A Estranha Perfeita" (com Halle Berry e Bruce Willis, 2007) e "Plano de Fuga" (com Mel Gibson, 2012).

Mesmo se dizendo avesso a compor para blockbusters, além de "A Hospedeira", Pinto também fez a trilha de outra grande produção recente.

Com músicas do brasileiro, "O Acordo", estrelado pelo fortão Dwayne Johnson, tem estreia prevista no Brasil para meados de abril.

"Já fui chamado para fazer história de cavalo, da Disney, e não topei. Não é por uma questão de princípios, é porque eu acho que não sei fazer mesmo", diz o compositor.

"Esses filmes mais 'mainstream' são muito caros, são uma commodity, você não pode errar, trabalha com uma janela de criatividade muito pequena. Você não responde a um diretor criativo, responde a um produtor milionário", completa o músico.

Sobre as superproduções, ele explica os motivos que o levaram a aceitar os convites. Em "A Hospedeira", topou pelo roteiro de Andrew Niccol, com quem trabalhara em "Senhor das Armas".

Já em "O Acordo", ele aceitou pela história -um pai que busca meios para reduzir a pena do filho, preso com um carregamento de ecstasy- e pela postura de Johnson em "se levar mais a sério" e quebrar o estereótipo do "fortão que arrebenta todo mundo".

FILHO DE GLASS

Antonio Pinto não sabia muito bem a carreira que seguiria quando terminou o colegial. Interessado em estudar bateria, completou 17 anos e viajou para os Estados Unidos.

Lá, contou com a ajuda de sua irmã, a cineasta Daniela Thomas, e foi trabalhar como estagiário no estúdio do pianista e compositor consagrado Philip Glass.

"Ele diz que dos filhos dele eu sou o que mais deu certo", conta ele, que, além de ter apadrinhamento de Glass, é filho do cartunista Ziraldo.

"Cresci vendo os desenhos do meu pai, vi tudo nascer, os Sacis, os Meninos Maluquinhos. Aquilo era minha internet, enriqueceu minha criatividade", comenta Pinto, que, no momento, finaliza a trilha de "Serra Pelada", de Heitor Dhalia.

Além disso, ele também assina a música do documentário "Witness", da HBO, com produção de Michael Mann. A série mostra a violência em diferentes países, como México, Líbia, Sudão e Brasil.

"Engraçado, fiz a trilha da campanha que trouxe a Olimpíada para o Brasil e fiz a trilha do documentário que vai mostrar como o Rio é realmente para o Brasil."

Recentemente, Antonio iniciou o "projeto" de postar suas trilhas no Facebook. Logo de cara, recebeu uma notificação do Soundcloud (plataforma onde as músicas são hospedadas) o proibindo. O compositor escreveu uma carta explicando não pretender fazer uso comercial do material e foi autorizado.

"Não há motivo para proibir, foi tudo feito por mim e é uma maneira do público ter acesso ao meu trabalho."


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