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Propaganda exortou ações anti-Jango

DE SÃO PAULO

Financiado pelos Estados Unidos e por empresas nacionais e estrangeiras, o Ipes (Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais) foi criado em novembro de 1961, pouco mais de dois meses após a tensa posse de João Goulart.

Era apresentado como um centro de debates, mas sua tarefa era organizar a oposição ao governo do petebista, coordenando articulações políticas e fazendo propaganda contra o presidente.

Quem dissecou os meandros do Ipes foi o historiador René Armand Dreifuss (1945-2003). Em sua obra "1964, a Conquista do Estado" (Vozes, 2008), ele descreve em minúcias as atividades do grupo, suas ramificações nas organizações empresariais, nas Forças Armadas e no Congresso Nacional.

Abundam listas de participantes ilustres, como o empresário Henning Boilesen e o escritor Rubem Fonseca, apresentado como responsável pela área editorial.

Dreifuss contabiliza, por exemplo, 297 corporações americanas no apoio financeiro ao instituto.

Junto com o Ibad (Instituto Brasileiro de Ação Democrática, criado no final dos anos 1950 e apontado como braço da CIA), o Ipes fazia parte do complexo que se tornara "o verdadeiro partido da burguesia e seu Estado-Maior para a ação ideológica, política e militar", avalia René Dreifuss.

É nesse contexto que devem ser entendidos os sete curtas que o É Tudo Verdade leva aos cinemas.

São fitas de propaganda contra o governo Goulart. Têm a assinatura do fotógrafo e cineasta francês Jean Manzon (1915-1990), que depois faria produções favoráveis ao regime militar.

Em preto e branco, mostram cenas de fábricas e escolas ordenadas e disciplinadas. Em contraste, pobreza e protestos.

Apesar de afirmar buscar "o equilíbrio", os filmes descambam para a agitação pura e simples. Atacam "a desordem", a "economia estrangulada", "a demagogia e a agitação social", o "descalabro administrativo".

As peças alertam contra "a ameaça do comunismo" e exigem ação. Pedem que as elites não sejam omissas. Não pregaram ao vento.


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