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Crítica - Documentário

Músico se impõe, monumental, em obra que encanta pela beleza

CÁSSIO STARLING CARLOS CRÍTICO DA FOLHA

Nas primeiras imagens de "Paulo Moura - Alma Brasileira" veem-se uma árvore e uma gaiola e ouvem-se rumores e piados de passarinhos. Com elas, o documentário de Eduardo Escorel anuncia, mais que uma suposta intenção poética, um universo sonoro a descobrir.

Logo em seguida, a voz do próprio diretor esclarece que o projeto, gestado desde 2008, de realizar um documentário baseado na vida de Paulo Moura, havia mudado de rumo com a internação do músico em julho de 2010 e a morte dele poucos dias depois.

Numa breve cena filmada à distância, o filme se detém diante da morte, um limiar em relação ao qual prefere se desviar e seguir outro rumo.

Sem a presença viva do objeto, o processo de documentá-lo não se orienta para a produção de um memorial, projeto digno, mas que, no entanto, tende a converter pessoas em heróis de pedra.

Em nenhum instante aparecem depoimentos de amigos, parentes ou "especialistas" num esforço de decifração.

Nenhum outro recurso de apresentação ou de ferramentas ultracodificadas do documentário, como depoimentos ou narração, entram em cena.

A única entrevistada é a viúva de Moura, Halina Grynberg, de quem só vemos as mãos tirando fotos de uma pasta e escutamos a voz, situando as imagens e identificando as pessoas. Aqui, a emoção emerge espontânea.

No entanto, Moura se impõe, monumental, por meio de gravações de shows, depoimentos inéditos, filmagens alheias que Escorel, com seu gênio de montador, distribui sem impor um relato de mão única.

Nesta solução que à primeira vista se confunde com o acúmulo, não é só a beleza da música de Moura que encanta. A noção de alma e a concepção de brasileiro também assombram em forma viva.


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