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Crítica - Artes visuais

Exposição se revela muito barulho por nada

"O Interior Está no Exterior", na Casa de Vidro, não reflete originalidade e radicalidade de obra de Lina Bo Bardi

FABIO CYPRIANO CRÍTICO DA FOLHA

A MOSTRA DE OBRIST NÃO VAI MUITO ALÉM DE UMA MITOLOGIA QUE O CURADOR CRIOU EM TORNO DELE PRÓPRIO

O pôster do artista britânico Isaac Julien, uma intervenção em "O Interior Está no Exterior", em cartaz na Casa de Vidro, projetada e habitada por Lina Bo Bardi (1914 - 1992), é bastante revelador de toda situação que envolve essa mostra.

No cartaz, Julien anuncia o filme "The Ghost of Lina Bo Bardi" (O fantasma de Lina Bo Bardi), ainda a ser realizado, estrelado por Hans Ulrich Obrist, o próprio curador da exposição. Dessa forma, o que se pode concluir é que, muito mais que uma exposição em torno de Lina, "O Interior Está no Exterior" é sobre Obrist.

Por um lado, é inegável a importância da iniciativa do curador suíço, que conseguiu fazer da Casa de Vidro um lugar realmente visível.

Ele reuniu aí nomes de primeira grandeza, figuras icônicas na história da arte como Gilbert & George ou Dan Graham (que realizou sua obra no Sesc Pompeia, também projetado por Bo Bardi), e nomes contemporâneos relevantes, como Dominique Gonzalez-Foerster, Ernesto Neto e Olafur Eliasson.

No entanto, Bo Bardi é um nome em ascensão no cenário internacional, suas obras e projetos vêm sendo reconhecidos por sua originalidade e radicalidade, o que não se percebe na exposição.

Uma das exceções é a intervenção de Renata Lucas (uma reprodução de uma obra pendurada na face externa dos vidros da sala).

Com isso, a mostra de Obrist não vai muito além de uma mitologia que o curador criou em torno dele próprio: a organização de exposição em ambientes domésticos.

Há 20 anos, ele sempre relembra, o curador organizou sua primeira mostra, na cozinha de sua casa. "O Interior Está no Exterior" é, assim, um desdobramento de sua própria atividade curatorial.

Com isso, se no discurso Obrist apresenta essas exposições em "casa-museu" como um contraponto a grandes exposições, no final a mostra se torna espetacular pela sua própria dinâmica.

E, pior: com muitas obras bastante decepcionantes, como o espelho de Eliasson, ou alguns dos filmes no Sesc, o resultado termina sendo muito barulho por nada.


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