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Galerista denuncia obras falsas de escultor

Raquel Arnaud apontou venda de obras ilegais de Sergio Camargo

Esculturas em bronze foram feitas a partir de molde original e estão no mercado com certificado falsificado

SILAS MARTÍ DE SÃO PAULO

A galeria Raquel Arnaud, que detém os direitos sobre a obra do artista Sergio Camargo, morto em 1990, denunciou na semana passada que há esculturas falsas do artista circulando no mercado há cerca de um mês.

As obras foram vendidas com um certificado de autenticidade também falso, em que a assinatura de Arnaud foi forjada. A marchande é responsável pelo espólio do artista construtivista, um dos mais valorizados no país hoje, com obras que chegam a custar até R$ 5 milhões.

"Na qualidade de única representante legal capaz de autenticar as obras do referido artista, verifiquei que o certificado é falso, não tendo em hipótese alguma sido emitido pela [minha] galeria", escreveu Arnaud num comunicado enviado a galeristas.

O alerta foi encaminhado aos membros da Associação Brasileira de Arte Contemporânea, que reúne 44 galerias.

O caso veio à tona durante a feira SP-Arte, encerrada no último domingo, quando o site Mapa das Artes, do jornalista Celso Fioravante, reproduziu o comunicado de Arnaud e uma imagem da obra.

Arnaud disse à Folha que soube da peça falsa quando funcionários de sua galeria, o Gabinete de Arte Raquel Arnaud, foram procurados para que ela reconhecesse sua firma num certificado de autenticidade de uma suposta obra de Sergio Camargo.

Foi verificado, então, que sua assinatura havia sido falsificada no documento e, naquele dia 14 de março, funcionários de Arnaud registraram um boletim de ocorrência denunciando o caso.

"Não sei o que é mais grave: falsificar o documento ou a obra", disse Arnaud.

A falsa peça é uma escultura de bronze no formato de uma pomba e foi fundida a partir de um molde de gesso feito por Camargo em 1954.

Embora seu molde seja original, a peça não tem validade porque o artista não autorizou edições póstumas de suas obras (leia ao lado).

O molde de gesso, considerado protótipo autêntico de uma obra de Sergio Camargo, foi vendido há cerca de dois anos pelos galeristas Paulo Kuczynski e Joca Millan a João Grinspum Ferraz, sócio da galeria Transversal.

Myra Babenco, filha e sócia de Arnaud, disse que João Grinspum Ferraz a procurou no ano passado pedindo que fosse autorizada a produção de cinco peças de bronze a partir do molde de gesso original comprado por ele.

Nesses casos, os herdeiros dos direitos autorais do artista podem ou não autorizar a produção de trabalhos póstumos. A família de Camargo, no entanto, negou o pedido de Grinspum Ferraz.

O certificado que circula com as peças falsas indica que se trata de uma edição póstuma de cinco exemplares. Funcionários do Gabinete de Arte Raquel Arnaud, no entanto, afirmam que haveria sete dos múltiplos em bronze, e não cinco como diz o certificado falso.

Segundo a Folha apurou, o comprador de uma das peças falsas vem tentando entregar a obra à galeria de Arnaud. A galerista diz aguardar orientação de seus advogados para decidir como vai proceder neste caso.

Segundo Jeane Gonçalves, funcionária da galeria de Raquel Arnaud, cada uma das peças falsas teria sido vendida por cerca de US$ 25 mil, ou R$ 49,6 mil.

Procurado, Grinspum Ferraz disse que consultaria seu advogado para dar entrevista, mas não respondeu aos telefonemas ou às mensagens enviadas pela Folha.


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