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Crítica - 18º Festival É Tudo Verdade
"Em Busca de Iara" recupera história que marcou geração
ELEONORA DE LUCENA DE SÃO PAULOA educadora Rosa Iavelberg tinha 20 anos e estava grávida de três meses quando soube que a irmã, Iara, tinha morrido na Bahia em 1971 aos 27 anos. Chocada, a família teve de fazer o enterro às pressas, na ala dos suicidas.
Quarenta e um anos depois, a filha de Rosa leva às telas a trajetória da tia no longa "Em Busca de Iara", dirigido por Flavio Frederico.
Mariana Pamplona --que não tem o Iavelberg no sobrenome porque os pais temiam por represálias-- entrevista parentes, amigos, colegas de luta política e pessoas que cruzaram com a militante.
Iara atuou no movimento estudantil nos anos 1960 e vivenciou a agitação política e cultural em São Paulo --tolhida pelo AI-5 em 1968.
Professora de psicologia, estudou marxismo. Na resistência, atuou na Polop, na VPR e no MR-8. Foi companheira de Carlos Lamarca.
O filme usa imagens de arquivo, filmes da época, reportagens de TV, documentos.
Mariana percorre cidades para colher depoimentos e se concentra em esclarecer as circunstâncias da morte da tia. Na investigação, a versão de suicídio é desmontada. Encurralada num apartamento em Salvador, Iara morreu com um tiro no peito.
O filme mostra os detalhes da apuração do médico legista encarregado da exumação, só ocorrida após uma batalha judicial e política, em 2003. Analisando a necropsia de 1971 e fazendo testes de balística, ele conclui que o tiro que matou Iara não poderia ter sido disparado por ela mesma.
O filme tem o mérito de recuperar uma história de vida intensa que marcou não só a família de Mariana, mas toda uma geração.