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"O Casamento" reúne fetiches e sintetiza obra de Nelson Rodrigues

Perversão sexual não tem limite na adaptação do único romance assinado por ele com seu nome

Tal como o original, peça que estreia hoje revela desejos ocultos de personagens, 48 horas antes da festa

GABRIELA MELLÃO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

De um lado do palco, um ménage à trois. De outro, um homem faz sexo com outro diante do pai paralítico que sempre o reprimiu. Não há limites para as paixões humanas na adaptação teatral de "O Casamento", único romance que Nelson Rodrigues assinou com o próprio nome.

"Por achar que o texto não seria encenado, ele foi mais permissivo, mostrando situações impensáveis em seu teatro", diz Johana Albuquerque, autora da adaptação e diretora da peça que reúne a Bendita Trupe e o Teatro Promíscuo.

"O Casamento' é a súmula do pensamento rodriguiano. Contém os fetiches e desejos distribuídos ao longo de suas 17 peças", sintetiza o protagonista Renato Borghi.

Johana privilegia a trama central do romance: os conflitos que antecedem o casamento de Glorinha. O verniz social que encobre as perversões de sua família começa a ruir 48 horas antes da festa, quando o ginecologista Dr. Camarinha flagra o noivo dela beijando um homem na boca.

A encenadora conserva a linguagem do romance, apresentando os pensamentos dos personagens --cerca de 15, interpretados por sete atores.

Sem interferir na agilidade da peça, desvela ao público inclusive desejos impronunciáveis. Instantes antes de examinar a noiva, Dr. Camarinha confessa a si mesmo: "Ele teve vontade de avançar a cabeça por entre as pernas de Glorinha (...). Por um momento sonhou com uma posse, não uma posse consentida, mas violenta, cruel. Arrastando-a nua, pelos cabelos".

O cenário móvel de André Cortez, formado por camadas de cortinas que atravessam o palco, contribui para o ritmo frenético. Transforma espectador em voyeur, criando nas cenas que acontecem por trás do pano a sensação de que ele bisbilhota onde não deve.


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