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Festival em Minas revê carreira versátil do diretor Howard Hawks

Mostra em Belo Horizonte é a mais completa já produzida no Brasil sobre o cineasta americano

Cineasta trafegou por todos os gêneros, criou mulheres fascinantes e foi herói da geração de Godard e Truffaut

MARCO RODRIGO ALMEIDA DE SÃO PAULO

Belo Horizonte, capital do Estado do pão de queijo e do doce de leite, terá outra honraria, igualmente saborosa, nas próximas semanas.

A cidade exibe, até 12 de maio, a principal mostra de cinema de 2013: a retrospectiva Howard Hawks Integral.

Exagero? Pois então pense que outro festival irá exibir tantos clássicos, de tantos gêneros diferentes: comédia ("Levada da Breca"), musical ("Os Homens Preferem as Loiras"), faroeste ( "Onde Começa o Inferno"), guerra ("Sargento York"), policial ("À Beira do Abismo") ou gângster ("Scarface")?

Por trás de todos esses filmes está o diretor americano Howard Hawks (1896""1977), que ganha agora a mais completa retrospectiva já dedicada a sua obra no Brasil.

A Fundação Clóvis Salgado, de Belo Horizonte, vai apresentar 44 filmes do cineasta, 25 em película. Pelo menos dois deles são praticamente desconhecidos por aqui: "Enquanto os Maridos se Divertem" (1927) e "O Último Caso de Trent" (1929).

Hawks foi o mais versátil dos grandes diretores. Além dos já citados, dirigiu também filmes sobre o Egito Antigo ("Terra dos Faraós"), caçadas ("Hatari!"), aviação ("Paraíso Infernal"), corrida ("Faixa Vermelha 7000"), e outros mais --muitos deles foram grandes sucessos de bilheteria.

Ele foi um dos heróis dos célebres críticos franceses, e futuros cineastas, dos anos 1950. Jean-Luc Godard, referindo-se a "Onde Começa o Inferno" (1959), afirmou que "Hawks é o maior porque teve sucesso ao encaixar num tema batido aquilo que considerava mais precioso".

François Truffaut, em uma de suas mais famosas críticas, escreveu que a morte de Boris Karloff em "Scarface" (1932) era "o mais belo plano da história do cinema".

Mas apesar de todos esses vastos elogios, hoje Hawks é menos conhecido que alguns de seus ilustres colegas de geração, como Alfred Hitchcock e John Ford.

"Acho que a versatilidade pode ter atrapalhado a compreensão de sua obra", avalia o curador da mostra, Rafael Ciccarini.

"Hitchcock praticamente só fez suspense, então é mais fácil identificar o estilo. Já o Hawks trafegou por todos os gêneros. Perceber a visão de mundo dele requer mais atenção. Não é simples, mas é uma missão recompensadora."

Os filmes de Hawks quase sempre tratam de um grupo de amigos que tenta realizar uma tarefa perigosa. A lealdade e o profissionalismo são valores fundamentais para seus personagens.

MULHERES PODEROSAS

O crítico da Folha Inácio Araujo, que fará um curso sobre Hawks em BH durante a mostra, comenta que os filmes do diretor trazem histórias simples, contadas de forma direta, sem grandes arroubos estilísticos. À primeira vista, são quase triviais.

"Mas olhando com mais atenção você percebe um universo muito consistente. O herói hawksiano é um homem que precisa lutar para impor sua dignidade. A ação do homem no mundo é que determina o que ele é ", diz.

Esses heróis foram muitas vezes interpretados por algumas lendas do cinema: John Wayne, Cary Grant, Humphrey Bogart e Gary Cooper.

Por mais corajosos que fossem, todos eles tremeram nas bases diante das personagens femininas de Hawks. Outra das especialidades do diretor era criar mulheres ativas, provocadoras, tão ou mais destemidas que os homens.

Nas telas, ficaram eternizadas por Katharine Hepburn, Lauren Bacall e Angie Dickinson, entre outras.

A relação homem/mulher nos filmes do cineasta será tema de um ensaio, que comporá o catálogo da mostra, do crítico Marcelo Miranda.

"O cinema de Hawks se movimentou a partir das mulheres e em como os homens precisaram se virar para dar conta delas", comenta.


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