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Carta dá nova leitura a atritos em Moscou

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Em abril de 1952, Graciliano e sua mulher, Heloísa, viajaram a Moscou como convidados do Partido Comunista Brasileiro. Integravam uma comitiva de intelectuais e sindicalistas que participariam dos festejos de 1º de maio.

Na volta, Graciliano escreveu de Paris a seu editor José Olympio pedindo dinheiro para a passagem, uma carta revelada agora pela pesquisa de Ieda Lebensztayn.

Em tom ameno, ele falava da experiência, que lhe renderia o livro "Viagem", mas dizia que o dinheiro acabara: "Estou preso nesta cidade de luz e bagunça". E pedia a remessa urgente de cinco contos de réis. "Espero que você me tire deste aperto, segundo uma tradição já antiga, pois vem de 1936, quando me encontrava numa cadeia diferente desta", escreveu.

Por trás deste pedido há uma história absurda. Na biografia "O Velho Graça", Dênis de Moraes diz que o comportamento de Graciliano na viagem foi considerado inconveniente pelo partido.

Ele não aceitava explicações oficiais dos burocratas russos, procurando informações em outras fontes.

Reclamou da falta de obras de Dostoiévski nas estantes, numa época em que o autor de "Os Possessos" estava na lista negra do Kremlin. Falou mal do cigarro, do papel higiênico e das longas filas para visitar o túmulo de Lênin.

Um integrante da delegação teria enviado um relatório ao partido no Brasil, que decidiu não mandar o dinheiro para a passagem de volta do escritor. A história é contada na biografia de Graciliano pelo comunista Sinval Palmeira, que integrava a comitiva.

No depoimento, Palmeira diz que Graciliano não soube do contratempo, porque ele e colegas de partido se cotizaram para bancar a passagem.

Mas a carta enviada ao editor mostra que Graciliano estava ciente do problema e buscou solucioná-lo por conta própria. Não há registro documental sobre quem pagou a passagem de volta.


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