Folha de S.Paulo

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O SONHO DE WADJDA
O filme é um acontecimento político, mas, se não ficasse de pé como cinema, possivelmente não teria virado um. Al Mansour desponta como digna herdeira do neorrealismo italiano, sobretudo da trilha mais emotiva aberta por De Sica em "Ladrões de Bicicletas" (1948). Não por acaso, a bicicleta, proibida no país para meninas, está no centro da trama. Como Kiarostami e Panahi, ela apropria-se do olhar infantojuvenil para fazer cinema político pelas beiradas. Pode não ter o refinamento de linguagem dos colegas iranianos, mas é bem-sucedida ao expor as interdições cotidianas numa sociedade fechada. (RICARDO CALIL)
DIREÇÃO Haifaa Al Mansour
PRODUÇÃO Arábia Saudita / Alemanha, 2012
ONDE Reserva Cultural e outros
CLASSIFICAÇÃO livre
AVALIAÇÃO bom

O BRASIL DEU CERTO. E AGORA?
O Brasil era uma roça até outro dia. Já em 1950, 51% da população era analfabeta. Nossa gestão econômica era horripilante e, até os anos 1990, bancos estaduais eram usados pelos governadores para conceder às elites empréstimos que muitas vezes não voltavam. Partindo dessa análise histórica, o economista e ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega idealizou e apresenta o documentário "O Brasil Deu Certo. E Agora?", dirigido por Loiuse Sottomaior, que faz entrevistas com ex-presidentes, ex-ministros, ex-presidentes do BC e professores. O filme é um raro exemplo brasileiro de ótimo material não acadêmico sobre a história econômica do país. (RICARDO MIOTO)
DIREÇÃO Louise Sottomaior
PRODUÇÃO Brasil, 2013
ONDE Espaço Itaú de Cinema - Frei Caneca 5
CLASSIFICAÇÃO livre
AVALIAÇÃO ótimo

PAULO MOURA - ALMA BRASILEIRA
O documentário de Eduardo Escorel sobre um dos maiores instrumentistas brasileiros já estava em produção quando o clarinetista Paulo Moura morreu, em 2010. O diretor evitou o caminho da homenagem careta. Preferiu extrair emoção da música impecável de Moura. Não há depoimentos laudatórios --só a viúva do músico surge, sem mostrar o rosto, identificando e contextualizando fotos. O filme se fez com gravações de shows e declarações do próprio Moura. Numa edição personalíssima, Escorel deixa a música fluir. E emociona. (THALES DE MENEZES)
DIREÇÃO Eduardo Escorel
PRODUÇÃO Brasil, 2012
ONDE Cine Livraria Cultura e circuito
CLASSIFICAÇÃO livre
AVALIAÇÃO bom