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Projetos resgatam três teatros da cidade

Arquitetos contratados para reformar o TBC encontraram até morcegos lá dentro; novo projeto preserva a fachada

Para presidente de Conpresp, cartilha de tombamento de bens privados precisa ser reanalisada pelo órgão

GUSTAVO FIORATTI DE SÃO PAULO

A importância histórica de três teatros paulistanos --o Taib, o Teatro Brasileiro de Comédia e o Teatro Cultura Artística-- não impediu um desfecho dramático.

O TBC e o Taib (Teatro de Arte Israelita Brasileiro) terminaram abandonados, com goteiras, pisos apodrecidos e poltronas deterioradas. O Cultura Artística foi consumido por um incêndio em 2008; sobrou apenas o painel de Di Cavalcanti em sua fachada (leia mais na pág. E5).

Para serem resgatados dos destroços ou das más condições em que se encontram, esses três palcos passam agora pelo olhar cirúrgico de arquitetos familiarizados com o circuito cultural da cidade.

Isay Weinfeld foi convidado a assumir o projeto de reforma do Taib. O escritório Urdi Arquitetura já tem em mãos plantas e perspectivas de um novo TBC. E Paulo Bruna prevê a entrega do Cultura Artística para o próximo ano.

Em comum, os projetos de reforma procuram equilibrar novas linguagens e a preservação da história. Mas há perdas em todos os casos.

Do projeto original do Cultura Artística, por exemplo, apenas o painel de Di Cavalcanti permanecerá como antes. Das quatro salas que havia no TBC, somente uma será mantida (e, ainda assim, com reconfigurações). O projeto de reforma do Taib é embrionário, diz Weinfeld, mas o arquiteto vê mais valor histórico em sua fachada.

TBC e Cultura Artística são tombados, o que, para Nádia Somekh, presidente do Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo), representa uma contradição: deveriam estimular a conservação dos edifícios, mas podem ter resultado contrário.

"Alguns imóveis tombados tornam-se desatualizados aos olhos da indústria do entretenimento, que passou a exigir outros tipos de estrutura", diz.

Nádia é crítica em relação às atuais políticas de tombamento de bens privados. Para ela, não adianta tombar sem uma cartilha de manutenção. "A sociedade deve comprar a ideia de preservação daquele bem. Estamos estudando formas de desenvolver isso em São Paulo."

O caso do TBC é emblemático. Construído na década de 1940 no Bixiga, foi palco para uma geração empenhada em modernizar as artes cênicas no país. Por lá, passaram Cacilda Becker, Paulo Autran, Tônia Carrero, Walmor Chagas, Sérgio Britto e tantos outros atores célebres.

O teatro, que pertencia a Magnólia Mendes Ferreira, foi adquirido em 2009 pela Funarte. Quando os arquitetos Alexandre Liba e Alberto Barbour entraram no TBC pela primeira vez, além de pisos e cadeiras podres, encontraram morcegos lá dentro.

TBC TRANSLÚCIDO

O novo projeto preserva a fachada. Paredes internas foram derrubadas para ampliar as antessalas, e a lateral do edifício ganhou estrutura translúcida para que a relação entre o interior e a rua fosse valorizada.

Além do palco italiano mantido no primeiro andar, no piso superior está sendo criada uma sala ampla e aberta. É um modelo em consonância com novas linguagens das artes cênicas. Uma estrutura em grelha onde ficam holofotes ocupa o teto de ponta a ponta, permitindo modulação entre palco e plateia.


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