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Não tenho medo do fracasso, diz J. J. Abrams

Diretor de 'Star Trek' e do próximo 'Star Wars' afirma que maior dádiva é trabalhar com as pessoas que admira

Criador da série 'Lost', ele defende histórias que tragam reflexão e aborda o terrorismo em nova sequência de 'Star Trek'

RODRIGO SALEM ENVIADO ESPECIAL À CIDADE DO MÉXICO

Nunca elogie J. J. Abrams. "Ele odeia isso", confirma a atriz Alice Eve, a nova aquisição da saga "Star Trek", "reimaginada" com sucesso pelo diretor há quatro anos, rendendo mais de R$ 600 milhões nas bilheterias.

Mas era tarde demais. Na entrevista concedida à imprensa latina pelo elenco de "Além da Escuridão - Star Trek", segundo filme da série sob comando de Abrams, a reportagem da Folha perguntou aos atores o que há de tão especial no diretor para ele virar o comandante das duas maiores franquias da ficção científica do cinema.

Além de "Star Trek", que estreia no Brasil em 14 de junho, Abrams será o diretor de "Star Wars "" Episódio 7", que deve estrear em 2015.

Entre elogios de Alice (dra. Carol Marcus), Zoe Saldana (Uhura) e Chris Pine (Kirk), Abrams agoniza. No fim das respostas, ele olha ameaçadoramente para a reportagem.

Mas ele precisa se acostumar com o assédio. Hoje, Jeffrey Jacob Abrams, 46, é o diretor mais poderoso de Hollywood, no mesmo patamar de James Cameron ("Avatar") e Steven Spielberg.

A franquia "Star Trek" é avaliada pelo mercado em R$ 8 bilhões. "Star Wars", em R$ 54 bilhões, entre lucros de licenciamento e bilheteria. Fora comandar agora as duas séries, ele é o criador de fenômenos pop como "Lost".

Uma hora depois da conversa com o elenco, o nova-iorquino encontra a Folha no hotel Four Seasons para uma entrevista. "Odeio receber elogios. Sou muito crítico com meu trabalho", solta o roteirista, produtor e diretor que transformou sua produtora, Bad Robot, na Meca dos nerds.

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Folha - Hollywood é um lugar onde o sucesso e o fracasso acontecem muito rápido. Qual o segredo de ter chegado a uma posição como a sua?
J. J. Abrams - Uma pessoa bem-sucedida em qualquer negócio está suscetível a virar um alvo, mas não posso viver com medo de ser um fracasso. Ecaro as oportunidades que recebo como se fossem as últimas da minha vida. Eu não achava que fossem querer um novo "Star Trek" depois do primeiro.
Hollywood é um lugar difícil, as pessoas parecem ter um plano secreto por trás de seus atos. Mas o segredo é apreciar o momento e tratar as pessoas da maneira que você gostaria de ser tratado.

"Além da Escuridão "" Star Trek" lida com terrorismo e há uma leitura clara sobre incursões militares americanas em busca de Osama bin Laden ou armas de destruição em massa. Por que o tema agora?
Uma das coisas que eu mais admirava na série "Além da Imaginação" era como Rod Serling [criador do programa] lidava com questões de luta de classes, política e raça em todos os episódios.
O novo "Star Trek" é para ser divertido, mas quer provocar reflexão. As histórias precisam pegar o que acontece em nossas vidas e permitir que as pessoas pensem sobre certos temas.

Mas o tema é espinhoso. Veja o que aconteceu com o atentado em Boston.
Escrevemos esse filme há mais de dois anos, não temos como adivinhar o que pode acontecer no mundo. Qualquer cidade do planeta está sujeita a esse tipo de ataque. A história que estamos contando é assustadora, mas não é nova em nossa realidade. As ameaças entre nós e como lidamos com elas são os temas que movem nosso vilão.

Agora você deixa "Star Trek" e assume "Star Wars". São muito diferentes?
Honestamente, eu poderia fazer uma lista de quão diferente eles são. "Star Trek" e "Star Wars" não são remotamente parecidos. Seria como dizer que duas histórias são parecidas só porque se passam na Terra.

Você é fanático por "Star Wars". É difícil manter esse lado afastado e deixar o diretor assumir?
É uma loucura. Há momentos de epifania em que percebo sobre o que estamos falando e penso: "Meu deus, isso é insano". Vou tratar "Star Wars" do mesmo modo que trato meus outros trabalhos, pensando primeiro nos personagens e na história.

Em que pé está a produção?
Não posso dizer muito, mas estamos nos primeiros dias. Já conversei com Michael [Arndt, roteirista de "Star Wars"] e estamos jogando algumas ideias na mesa. Uma das coisas que mais amo na série é a capacidade de ter batalhas espaciais em alta velocidade. Eu não podia fazer isso em "Star Trek", porque as naves parecem porta-aviões de tão imensas.

Mudou algo desde o anúncio de que você seria o diretor do "Episódio 7"?
A maior mudança é a quantidade de perguntas que vocês me fazem sobre "Star Wars" (risos). Obviamente, havia planos que eu tinha com a família. Nós queríamos fazer uma longa viagem. Era algo importante e isso mudou.
Acho que no fim tudo vai dar certo, mas aceitar dirigir "Star Wars" não foi decisão fácil para mim e para minha família. A série significa um mundo de possibilidades.

Qual é a sensação de ser o diretor mais poderoso do mundo no momento?
Obviamente isso não é verdade (risos). Eu só me sinto afortunado de trabalhar nas duas séries. Colaborar com pessoas que admiro há anos é a verdadeira dádiva.

Foi o mesmo sentimento de ter Spielberg como produtor de seu filme "Super 8"?
Sim, exatamente. Agora, eu saio com ele, jantamos juntos e vemos filmes. Mas, de vez em quando, eu penso: "Puta merda, é Steven Spielberg do meu lado".


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