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Mauricio Stycer

Aprender fazendo

Dos quatro programas, apenas um, "3 Teresas", dirigido por Luiz Villaça, merece consideração maior

No intervalo de três semanas, entre o final de abril e o início de maio, o canal pago GNT colocou no ar quatro novas séries brasileiras. Tal volume pode dar a ideia, altamente equivocada, de que a televisão brasileira está vivendo uma era de ouro na produção de ficção.

Dos quatro programas, apenas um, "3 Teresas", dirigido por Luiz Villaça, merece uma consideração maior. Comédia em tom agridoce, a série conta a história de três mulheres de uma família de classe média, vivendo numa mesma casa.

Teresinha, a mãe (Claudia Mello), é aposentada. Teresa, a filha (Denise Fraga), acaba de largar o marido. E Tetê, a neta (Manuela Aliperti), está no auge da adolescência. Vistos os dois primeiros episódios, é notável o esforço, tanto dos roteiristas quanto da direção, de dar contornos e peso a cada personagem. Há uma história ali ainda a ser contada, percebe-se.

Bem diferente é o resultado de "Copa Hotel", construído em torno de Frederico Gonzales (Miguel Thiré), um rapaz de 33 anos que volta a morar no Brasil depois de anos no exterior e decide assumir o comando do hotel, em Copacabana, deixado em herança pelo pai.

O ótimo argumento padece nas mãos de uma direção insegura entre o tom a adotar, um texto afetado e um elenco desorientado. O protagonista, lamento dizer, não parece ter compreendido o seu lugar na série.

Os outros dois programas são as comédias "As Canalhas" e "Surtadas na Yoga". O primeiro, inspirado em contos da jornalista Martha Mendonça, conta histórias de mulheres sem culpa, movidas apenas pelo prazer, que fazem os maiores absurdos. O segundo, baseado numa ideia da prolífica dupla Alexandre Machado e Fernanda Young, conta as aventuras de três colegas pouco equilibradas numa sala de yoga.

Na estreia, "As Canalhas" contou a história da mulher que tem um caso com o namorado da filha adolescente. O tema já rendeu literatura e cinema de qualidade, mas nas mãos dos roteiristas virou uma história rasa, banal e supostamente engraçada. Veio à lembrança "As Brasileiras", um dos piores trabalhos de Daniel Filho, exibido na Globo em 2012.

Sobre "Surtadas na Yoga" não há muito o que dizer. O tom escolar do programa promete diversão instantânea para quem é muito fã das piadas de Machado e Young, mas nada além disso.

Conversei com Daniela Mignani, diretora-geral do GNT, sobre o pacote de séries. Na entrevista, publicada no UOL na última sexta-feira (17), ela primeiro explica a razão de lançar quatro séries ao mesmo tempo: estratégia de programação. "Isso ajuda a criar uma percepção imediata. Uma série semanal, só ela, isolada, se perde na grade."

Daniela reconhece que a qualidade das séries é irregular e que o mercado brasileiro sente falta de bons roteiristas. Mas o seu argumento principal, que me convenceu, é sobre a necessidade de aprender fazendo. "A gente colocou no ar uma série que não é a ideal, mas tem que fazer. Estamos aprendendo", diz.

"Fizemos apostas em diferentes gêneros, para saber o que dá certo. Estamos num momento de aprendizado. A TV americana está na sua época de ouro. Há quanto tempo eles estão fazendo? Estamos no papel de desenvolver esta indústria. É preciso compreender que a gente está no início."


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