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Arte lava mais branco

Juiz do caso Edemar narra como a lavagem de dinheiro se apoderou da arte

SILAS MARTÍ DE SÃO PAULO

"Uma obra de arte não chama a atenção para o crime", diz o juiz Fausto De Sanctis, 49, em seu escritório envidraçado, numa torre da avenida Paulista. "As pessoas ficam maravilhadas com a obra e esquecem que por trás dela pode haver um ambiente de financiamento de atividades terroristas e criminosas."

Num livro que sairá nos Estados Unidos, em inglês, no mês que vem, De Sanctis quer ir além desse deslumbramento. Mostra como funciona a prática de lavagem de dinheiro no meio da arte e o enlace cada vez mais estreito desse mundo que "envolve emoção e paixão" com o tráfico de drogas, o terrorismo e toda sorte de fraudes financeiras.

De Sanctis é o juiz que condenou por lavagem de dinheiro, entre outros crimes, o ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira e tenta há oito anos repatriar obras que teriam sido enviadas por ele ao exterior quando o Banco Santos, que era de sua propriedade, faliu.

Também julgou em 2008 o megatraficante colombiano Juan Carlos Ramírez Abadía pelo mesmo crime e confiscou telas de Fernando Botero e outras obras, avaliadas em R$ 7,7 milhões, que haviam sido despachadas pelo criminoso para a Colômbia.

"Money Laundering Through Art", ou lavagem de dinheiro pela arte, livro que De Sanctis escreveu nos Estados Unidos, faz um diagnóstico preocupante do setor em que, segundo ele, a "falta de transparência" é "generalizada".

"É uma área não regrada, que se diz preocupada, mas a preocupação não se reflete em suas atitudes", diz De Sanctis, em entrevista à Folha. "Casas de leilão viram canais de lavagem de dinheiro e obras falsas. Há muitas formas que parecem legítimas de mascarar valores."

Nesse campo "espinhoso, complexo e difícil", De Sanctis investigou contratos de compra e venda das casas de leilão mais poderosas do mundo, a Sotheby's e a Christie's, foi à Interpol ver como funciona a divisão de crimes de arte e perguntou ao Smithsonian, um dos maiores museus do mundo, como processava suas doações.

"Existem muitas brechas nesse setor", resume. "Esse é um mercado que se serve de pessoas duvidosas, porque o dinheiro justifica tudo."


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