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Crítica - Drama

De beleza ímpar, filme 'The Immigrant' é ópera sem canto

PEDRO BUTCHER COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Não raro, cineastas com boa reputação junto à crítica deitam-se no berço esplêndido da glória autoral e começam a se repetir, tornando-se caricaturas de si mesmos. James Gray tem escapado dessa armadilha brilhantemente.

De todos os seus filmes, "The Immigrant", apresentado ontem na competição em Cannes, é aquele em que o diretor mais se impõe desafios, continuando absolutamente fiel ao seu universo.

Esses desafios também se impõem aos olhos do espectador: para quem estava habituado à Nova York contemporânea e aos protagonistas masculinos que dominavam seus trabalhos até agora, "The Immigrant" é um filme "difícil", mas que vai ganhando sentido e beleza ímpares.

A protagonista de Gray é Eva (Marion Cotillard), jovem polonesa que chega a Nova York em 1921. O sonho americano rapidamente mostra suas garras quando a irmã de Eva é detida, com suspeita de tuberculose, e Eva, sozinha, é ameaçada de deportação. Não lhe resta outra opção a não ser aceitar a ajuda de Bruno (Joaquin Phoenix), que a leva à prostituição.

Um triângulo se forma quando entra em cena o mágico Orlando (Jeremy Renner), primo de Bruno.

Aos poucos, percebe-se que "The Immigrant" é mais que um melodrama --é uma ópera sem canto, com duetos e tercetos encenados diante de uma reconstituição de época de teatralidade, acentuada pela inacreditável luz de Darius Khondji ("Amor").

O diretor dá um passo ousado na sua reinvenção do cinema clássico, que aqui evoca de Elia Kazan a Francis Ford Coppola e sua trilogia "O Poderoso Chefão".

"The Immigrant" também apresenta ricas variações em torno das obsessões de Gray, como a ambiguidade do papel da família e o simbolismo de Nova York para os imigrantes que fizeram sua vida ali.

Nesse sentido, "The Immigrant" também é capaz de jogar nova luz sobre os filmes anteriores do cineasta, de "Fuga para Odessa" (1994) a "Amantes" (2008).


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