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Britânica lança 2ª parte de trilogia real

Hilary Mantel retoma personagem Thomas Cromwell, braço direito do rei inglês, em "O Livro de Henrique"

Escritora premiada diz estar envolvida com as adaptações de sua obra para teatro e para a televisão

MARINA DELLA VALLE COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"O Livro de Henrique", segundo volume da prometida trilogia da britânica Hilary Mantel sobre a trajetória de Thomas Cromwell, homem forte do rei Henrique 8º, chega ao Brasil coroado com uma série de prêmios importantes, entre eles o Costa Book Award e o Man Booker Prize, repetindo o sucesso de seu antecessor, "Wolf Hall" (2011).

"Os livros se tornaram um fenômeno", diz Mantel, 60, à Folha, por e-mail. "É estranho ser reconhecida na rua."

Primeira mulher (e autor britânico) a ser premiada com o Man Booker por duas vezes, ela agora vê sua série ser adaptada para a TV (minissérie da BBC e da Company Picture, prevista para 2014) e para o teatro (pela Royal Shakespeare Company, peça com estreia marcada para dezembro)

"Estou particularmente envolvida com a adaptação para os palcos. Como eu sempre amei teatro, é maravilhoso ver a evolução dessa nova versão", diz.

Violenta e cheia de intrigas, a corte de Henrique 8º (1491-1547) sempre foi um prato cheio para a ficção histórica.

A originalidade de Mantel ao escrever sobre essa época amplamente explorada é a escolha do narrador: Thomas Cromwell (1485-1540), londrino de origem modesta alçado a braço direito do rei.

"Se você se coloca no lugar de Cromwell, olha com os olhos dele, o material familiar se desfamiliariza'", reflete.

Embora reconhecido por historiadores como um dos criadores do governo moderno na Inglaterra, Cromwell é muitas vezes relegado ao papel de vilão, especialmente por sua atuação na queda do cardeal Thomas Wosley, seu mentor, e do filósofo Thomas More, para abrir caminho para o casamento do rei com Ana Bolena --e na subsequente destruição da nova rainha e de seus aliados.

Em "O Livro de Henrique", encontramos Cromwell já estabelecido no poder, farejando a atração do rei pela casta Jane Seymour e o final do casamento real com Ana Bolena.

A serviço de um rei volúvel e implacável, ele toma as medidas necessárias para que a vontade de Henrique prevaleça. Nesse processo, rumina sobre a vida, sobre as filhas e a mulher, mortas por uma doença súbita. E sobre sua sobrevivência na intrincada rede de interesses da corte.

ORIGINAL

O título original de "O Livro de Henrique", "Bring Up the Bodies" (algo como "traga os corpos"), é uma antiga formulação jurídica para que os réus fossem levados perante a corte para ouvir as acusações contra eles.

Rapidamente esses corpos se transformam em cadáveres. É um livro tenso, ágil --cobre apenas alguns meses, enquanto "Wolf Hall" se desenvolve ao longo de anos. "O Livro de Henrique' é muito mais direto, de construção mais simples. O processo de escrita foi muito mais compacto e intenso", recorda.

A autora mantém uma observação minuciosa dos dados históricos, mantidos por um regime de "uma quantidade imensa de leitura, estudo e anotações".

Sua criatividade, diz ela, é trabalhada "nas lacunas e nos silêncios da história".

INFLUENTE

Apenas neste ano, Mantel já apareceu nas listas dos "cem mais" tanto da revista "Time" (mais influentes) quanto da "Prospect" (pensadores).Também experimentou o lado negro da fama, ao ser atacada pelos ferozes tabloides ingleses e até pelo premiê britânico, David Cameron, por conta de observações sobre Kate Middleton, feitas em uma palestra.

"Falei sobre corpos da realeza', e de como eles se transformam em propriedades públicas e são desumanizados", explica Mantel.

"E terminei pedindo à mídia que deixe Kate levar uma vida humana, e não a persigam como perseguiram Diana há uma geração." A curiosidade mórbida sobre os affairs da realeza, pelo visto, segue forte entre os ingleses.


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