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Crítica show

Renato Russo 'reaparece' no palco em estranha projeção

Tributo à banda Legião Urbana teve discursos óbvios e problemas técnicos

CADÃO VOLPATO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Em 18 de junho de 1988, Renato Russo, à frente do Legião Urbana, fazia uma apresentação caótica a um público visivelmente tenso.

Com 50 minutos de show, um fã subiu ao palco e abraçou o cantor. Bombinhas estouravam aqui e ali na plateia, e objetos eram arremessados no palco.

O abraço do fã teve o poder de trazer a tensão ainda mais perto dos músicos.

Mas foi a truculência da polícia que acabou levando Russo a um de seus discursos mais irados --o de Brasília, nesse mesmo estádio Mané Garrincha que ainda não sonhava com a Copa, se transformou em lenda.

A banda acabou abandonando o espetáculo: o que se seguiu foi um terrível quebra-quebra. Renato Russo prometeu não fazer mais nenhum show na cidade --e foi mesmo o que aconteceu.

Passados 25 anos, Russo foi celebrado num show múltiplo no último sábado em Brasília --de Jorge du Peixe a Ivete Sangalo, passando por Lobão e Fernanda Takai, acompanhados pela Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional e por uma banda no mesmo formato seco do Legião (baixo, guitarra e bateria).

E ainda fez uma aparição fantasmagórica na forma de um estranho holograma criado pela mesma equipe que "ressuscitou" o rapper Tupac Shakur no ano passado.

Mas quem levantou a multidão foi o veterano Jerry Adriani, ao mostrar, em "Tempo Perdido", que ele e Renato tinham o mesmo timbre de voz. Ele foi o que chegou mais perto do ídolo.

"Renato Russo Sinfônico" foi criado pelo filho do cantor, Giuliano Manfredini. Os outros membros do Legião não foram convidados, no caso de Dado Villa-Lobos, ou recusaram o convite, caso do baterista Marcelo Bonfá.

Houve um buraco de tempo a partir da quarta música, causado por problemas técnicos, e a plateia ficou impaciente --mas não tão impaciente e feroz como naquela ocasião em que disparou o último discurso de Russo no Mané Garrincha.

A parte chata ficou para os discursos óbvios dos apresentadores e de alguns dos artistas, surfando na onda das manifestações recentes.

Lobão não precisou discursar, porque escolheu uma música suficientemente contundente: "Perfeição", que realça a faceta mais messiânica de Russo. A plateia adorou, mesmo sem discurso.

Curioso como as músicas de Russo continuam familiares, passando por gerações com a maior naturalidade.

E Brasília, a mesma Brasília que protagonizou o maior baixo-astral da carreira do Legião, eletrizada pelos protestos das últimas semanas, recebeu o filho pródigo de braços abertos --em forma de um holograma meio sem graça.


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