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Crítica - Drama

Espetáculo amplifica o terror da tortura com vídeos e música

Baseado em memórias de vítima da ditadura, 'Retrato Calado' mostra importância de manter a história viva

CAROLIN OVERHOFF FERREIRA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"Retrato Calado" é um espetáculo em construção. Com direção de José Fernando de Azevedo, baseia-se no livro homônimo de Luiz Roberto Salinas Fortes sobre as torturas que suportou durante a ditadura.

No palco, monitores de televisão e mesas de mixagem. Uma jaula faz analogia às prisões do regime totalitário. Nas paredes transparentes são projetadas imagens dos atores e filmes. O projeto multimídia tem música ao vivo, o que contribui para um ambiente de desespero e repressão.

Assim, o sofrimento físico e psicológico é traduzido numa experiência sensorial que faz o público experimentar o terror da tortura.

Teth Maiello inicia lendo o diário de Salinas, introduzindo o medo e a morte. Depois, Vitor Placca interpreta um interrogatório. Para traduzir o vexame, o diretor senta no chão e obriga o ator a mudar a forma de atuação com um estalar de dedos. Música estridente e imagens do ator coagido em close dramatizam a pressão.

Quando às palavras é acrescentada a projeção de um filme sobre o nazismo, sentimentos de culpa ganham sentido amplo. O desconforto cresce quando Placca e Renan Trindade executam o texto em alta velocidade.

A importância da voz de Salinas no combate ao esquecimento evidencia-se na impressão forte que deixam as imagens de manifestações da época, projetadas quando Maiello fala sobre anistia.

O impactante projeto mostra que o fim da autocracia depende também da memória dela, fazendo senti-la na pele.


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