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Nova encenação de 'Hamlet' busca clareza e objetividade

Montagem de obra-prima marca 20 anos do grupo Clowns de Shakespeare

A meta do diretor, Marcio Aurelio, é fazer com que o elenco da peça ajude o espectador na leitura da história

GABRIELA MELLÃO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Enfrentar o desequilíbrio postando-se à beira do abismo. Este foi o desafio empreendido pelo grupo Clowns de Shakespeare ao aventurar-se por "Hamlet", sob direção de Marcio Aurelio. Renomeada de "Hamlet - Um Relato Dramático Medieval", a obra-prima de Shakespeare, cuja estreia paulista acontece hoje, representa aos integrantes a busca por instabilidade.

O desequilíbrio encontra-se dentro e fora da cena. "A peça trata de um mundo em transição. A loucura é geral. Hamlet é um fio de lucidez em meio a uma Dinamarca incerta", diz Fernando Yamamoto, diretor do coletivo, que nesta montagem atua como assistente de Aurelio.

Ele conta que, pelo fato de Shakespeare batizar o grupo, "Hamlet" sempre esteve em seus planos. O encontro com Aurelio, um apaixonado pela obra, e o aniversário de 20 anos do grupo, completados em 2013, fizeram-no entender que a hora havia chegado.

A decisão de convidar Aurelio para dirigir a montagem também surgiu pelo desejo de experimentar novos caminhos artísticos.

O grupo sentiu-se atraído por experimentar a linguagem econômica e precisa que é característica do diretor --oposta à estética barroca de Gabriel Villela, responsável pela obra anterior do coletivo, "Sua Incelença, Ricardo III".

Em sua terceira empreitada no universo da obra --Aurelio montou "Hamlet" em 1984 e "HamletMachine", de Heiner Müller, em 1987--, ele opta por uma montagem tendo como norte clareza e economia de linguagem.

"A limpeza aparece quando os atores tomam consciência de que devem fazer a cena de modo objetivo, ajudando o espectador na leitura da peça."

Aurelio diz que "Hamlet" representa a possibilidade de renovação. "Hamlet foi traído. Poderia pegar uma espada, sair correndo pelo castelo, encontrar o tio e degolá-lo, mas não. Ele não quer ser um viking como o tio. O fato de ter passado por uma universidade faz com que ele busque sua verdade."

O encenador vê equivalência entre a trajetória de Hamlet e a dos jovens brasileiros que saíram às ruas protestando por reforma política.

"Hamlet reflete um pouco sobre o que nós estamos vivendo. Como o povo do país, que resolveu mostrar a cara e reivindicar, ele também quer encontrar a melhor maneira de resolver as coisas."


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