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Análise

Grito da emparedada é ouvido até os dias de hoje no Recife

XICO SÁ COLUNISTA DA FOLHA

O caso se deu no final do século 19, mas até hoje, quem passa no casarão de número 200 da rua Nova, no centro do Recife, ouve os gritos de Clotilde, a moça emparedada viva pelo desalmado pai.

A filha da alta sociedade pernambucana estava grávida de um pé-rapado, um desconhecido e misterioso plebeu, fato inadmissível para a nobre família.

Não há mais como dizer se a história é verdadeira ou não, debate que se arrasta há um século. Vale a lenda, publicada inicialmente em forma de folhetim no "Jornal Pequeno", entre 1909 e 1912, que daria depois no romance "A Emparedada da Rua Nova", obra de Carneiro Vilela (1846-1913).

Por muito tempo artigo raro nos sebos, o livro ganhou em setembro a sua quinta edição pela Cepe (Companhia Editora de Pernambuco).

Em 2010, foi adaptado no curta-metragem homônimo de Marlom Meirelles e neste ano mereceu versão teatral com o título "O Amor de Clotilde por um Certo Leandro Dantas", da Trupe Ensaia Aqui e Acolá.

O grito que assombra a rua Nova tem um certo eco do conto "O Gato Preto", de Edgar Allan Poe (1809-1849). A prática do emparedamento, porém, como alerta o narrador de Poe, é coisa que vem de relatos ainda da Idade Média.

Do folhetim de Vilela à lenda da "Perna Cabeluda", misterioso membro que aterroriza a capital desde os anos 1970, o Recife cultiva a fama da cidade brasileira mais mal-assombrada.

A história da perna nasceu a partir de um programa de rádio feito pelo escritor Raimundo Carrero.

Em "Assombrações do Recife Velho", Gilberto Freyre também recolheu histórias deste imaginário.

Atualmente, o projeto "O Recife Assombrado", dos jornalistas André Balaio e Roberto Beltrão, reúne, em site e livros, uma farta antologia do gênero.


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