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Artistas defendem que não são homens nem mulheres: são os dois

FERNANDA MENA DE SÃO PAULO

"É preciso ser masculinamente feminina ou femininamente masculino...", escreveu Virginia Woolf em 1929, para que "...a arte da criação possa realizar-se".

Na música, fica claro que tanto a androginia como a sobreposição de gêneros estão associados a certo grau de inovação artística e estética. Desde os anos 1970 artistas que embaralham os gêneros confundem e fascinam o público.

A edição de setembro da revista "Scientific American" revisa estudos de psicologia desde os anos 1960 que relacionam androginia (psicológica, não meramente estética) com maior criatividade.

Boa parte aponta que, como a sociedade não encoraja o desenvolvimento de características femininas e masculinas no mesmo indivíduo, aqueles conseguem fazê-lo expandiriam naturalmente seus horizontes e isso os tornaria mais criativos que pessoas identificadas com só um gênero: masculino ou feminino.

ESQUISITOS

A artista Janine Rostron, conhecida pelo projeto Planningtorock, usa próteses no rosto e efeitos digitais na voz para se apresentar como uma mulher estranha com voz de homem. "Gosto da ideia de androginia, mas não é isso o que faço. Questiono a maneira como as pessoas enxergam uma mulher. E acho as suposições sobre gênero preguiçosas e entediantes: elas atrapalham a arte e a vida", declarou em uma entrevista.

A cantora barbada Conchita Wurst faz o mesmo jogo: "Gosto de ser mulher nos palcos e no trabalho e um homem na vida privada". "Aquela barba é linda. É muito ousado associar um sinal tão masculino a uma figura tão feminina", diz o cartunista Laerte.

Enquanto a geração que teve Madonna como diva aprendeu que era "OK" expressar a sexualidade, a geração de Lady Gaga entendeu que é "OK" ser esquisito. "Tudo bem se você não se encaixa, especialmente se você imagina que seria bom ser como todo mundo, mas, no fundo, queria ser como Boy George", disse Gaga à TV americana.

O compositor Mike Hadreas, conhecido como Perfume Genius, se inspirou nesta ideia. "Usei a música como uma forma de me sentir menos deslocado, menos estranho. A arte me libertou."

Perfume Genius se apresenta no dia 19/10, no Festival Coquetel Molotov, no Recife, e no dia 20, Cine Joia, em São Paulo.


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