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 37ª Mostra

Tragédia grega

Filhos da crise, novos diretores da Grécia em destaque na Mostra de São Paulo apresentam um cinema ousado

RODRIGO SALEM DE SÃO PAULO

"A Grécia está acabada, morta. Todos sofrem. Eles combatem uma causa perdida". A declaração do criador de ovelhas no início do docudrama "Tempos de Lobo" resume o pessimismo da Grécia desde que o caos econômico se instaurou em 2008, gerando desemprego recordes e calotes internacionais.

Em compensação, uma geração de cineastas gregos está se sobressaindo. Sem pretensões comerciais, os filmes lançados na Grécia nos últimos três anos se destacam em quase todos os festivais importantes do mundo.

A 37ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que abre hoje para o público, traz um dos melhores cardápios dessa onda.

"Não foi planejado. Selecionamos o que está acontecendo de melhor no mundo e vieram esses filmes gregos", diz Renata de Almeida, diretora da mostra. "Vários longas têm a crise como pano de fundo, mas não como tema principal, o que é mais interessante."

É o caso dos filmes gregos mais falados do ano: "O Garoto Que Come Alpiste", de Ektoras Lygizos, e "Miss Violence", de Alexandros Avranas.

O primeiro --sobre um garoto que não consegue emprego e é obrigado a comer o alpiste de seu canário-- é o representante do país por uma vaga como melhor filme estrangeiro no Oscar de 2014.

O segundo, sobre um patriarca que coloca as mulheres da família para se prostituírem, chega fresquinho à Mostra de São Paulo após vencer o Festival de Veneza em direção e ator para Themis Panou.

"A família na Grécia serve para falar sobre a sociedade. Podemos olhar para a família com uma lupa e encontrar os defeitos sociais", diz Avranas à Folha. "Tudo está muito cruel e o cinema grego não fazia nada. Isso está mudando."

OUTROS TÍTULOS

A mudança começou há três anos, quando "Dente Canino", de Giorgos Lanthimos, foi indicado ao Oscar de filme estrangeiro, e "Attenberg", de Athina Rachel Tsangari, ganhou prêmios em Veneza.

Os dois longas chamaram a atenção para uma onda criativa na Grécia, fora do culto ao famoso diretor Theodoros Angelopoulos (1935-2012), de "Uma Eternidade e um Dia" (1998).

O produtor Christos V. Konstantakopoulos, magnata grego que investe em cultura, tem ajudado a bancar cineastas do país, como Avranas.

A crise também assombra outros filmes gregos na mostra.

"Tempos de Lobo", de Aran Hughes e Christina Koutsospyrou, trata de famílias de criadores de ovelhas. "A Filha", de Thanos Anastopoulos, é sobre uma adolescente que, inconformada com a fuga do pai depois de perder todo seu dinheiro, sequestra o sócio dele.

"Patos Selvagens", de Yannis Sakaridis, mostra um desempregado que descobre um dos maiores escândalos políticos da Grécia. "Demokratia, a Via Crúcis" é um documentário sobre a política do país.


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