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Crítica - Antologia

Obra reúne favoritos dos gênios do fantástico

Jorge Luis Borges, Adolfo Bioy Casares e Silvina Ocampo organizaram volume com seus textos prediletos do gênero

BRAULIO TAVARES ESPECIAL PARA A FOLHA

A "Antologia de Literatura Fantástica" (Cosac Naify), organizada por Jorge Luis Borges, Adolfo Bioy Casares e Silvina Ocampo, é uma preciosa edição, com bela capa e projeto gráfico. Um livro para guardar e usar, um clássico indiscutível do seu gênero.

Faltava uma tradução integral ao português, feita agora por Josely Vianna Baptista. Sua primeira edição saiu em Buenos Aires, em 1940; as traduções em várias línguas se baseiam na segunda edição, aumentada, de 1965.

A comparação entre essas duas edições originais argentinas é feita por Bioy Casares nos prefácios a ambas. No de 1940, discorre sobre a técnica do fantástico e os subgêneros explorados por ele, Borges e Silvina Ocampo durante a preparação da antologia.

Deixa claro que foi um "trabalho amoroso" desde o início, resultado de listas e anotações que os três vinham acumulando havia tempo.

O posfácio de Walter Carlos Costa compara as edições e ressalta a importância histórica da antologia para as letras hispânicas, principalmente pelo "caráter didático, até evangélico". Surgindo num ambiente pouco propício ao fantástico, a obra era uma inabalável declaração de princípios estéticos.

Ela surgiu junto com a publicação do melhor livro de Bioy, "A Invenção de Morel" (1940). O prefácio de Borges a esse romance é uma reiteração das escolhas estéticas da antologia, que celebra a construção de enredos, numa época em que a literatura de viés psicológico dissolvia os argumentos até torná-los "sem formato". Borges defendia o "intrínseco rigor" dos romances de peripécias.

Outro posfácio, teorizando sobre a natureza da fantasia literária, é assinado por Ursula Le Guin. É o texto presente na edição em inglês da antologia, que tem o título "The Book of Fantasy" e um repertório de contos distinto.

Os antologistas não pararam de mexer na antologia, substituindo contos ou fragmentos de um mesmo autor ou adicionando títulos novos.

Não é uma antologia convencional, e sim uma compilação de textos prediletos. Os antologistas listaram preferências sem se preocupar com época, país, representatividade da escola literária; incluíram textos próprios, mais de um texto do mesmo autor, fragmentos de textos longos, inclusive de não ficção.

Estão aqui clássicos do fantástico: "Os Cativos de Longjumeau", de Léon Bloy; "Enoch Soames", de Max Beerbohm, "Casa Tomada", de Cortázar; "História dos Dois que Sonharam", de Gustav Weil, além de contos de Poe, Borges, Kafka e outros.

Esta edição, com 75 contos/fragmentos, segue a edição argentina de 1965.

"The Book of Fantasy" (Viking, 1988) tem 81. Elimina contos da versão de 1965 e inclui textos de Ray Bradbury, J. G. Ballard e outros. Para o verdadeiro aficionado, essas duas versões se completam.


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