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Crítica drama

Longa proibido pelo nazismo é atual ao valorizar a tolerância

RICARDO CALIL CRÍTICO DA FOLHA

"Nathan, o Sábio", filme mudo do alemão Manfred Noa, completou 91 anos de idade. A peça homônima de Gotthold E. Lessing, no qual se baseia, foi escrita 234 anos atrás. E a ação se passa na Terceira Cruzada, que terminou há exatos 821 anos.

Mas, como o mundo não evoluiu a contento desde então, sua mensagem de tolerância religiosa continua atual e necessária neste 2013.

A obra de Noa foi escolhida pela Mostra para a concorrida projeção ao ar livre no parque Ibirapuera.

É uma escolha ousada, já que se trata de filme inédito por aqui, e bela, porque a Mostra cumpre seu papel de trazer uma novidade que se revela uma preciosidade.

O filme se passa na Jerusalém da Terceira Cruzada, quando cristãos, muçulmanos e judeus são envolvidos em uma guerra sangrenta.

Cada uma dessas religiões é representada no filme por um protagonista: o sultão Saladino, um cavaleiro templário e o mercador judeu Nathan (Werner Krauss).

Embora a interpretação dos atores denote a herança teatral do cinema do início do século 20, Noa demonstra amplo domínio da linguagem cinematográfica, sobretudo nas transições dos planos abertos para os de detalhe e no sentido de espetáculo das grandiosas cenas de guerra.

Em meio a intrigas (pré-)folhetinescas, há um ataque direto à cegueira causada pela devoção religiosa. Mais corajoso ainda é o fato de eleger como herói o judeu Nathan, que, com sua sabedoria, inspira o fim do conflito.

A escolha não ficou impune. A peça de Lessing não foi encenada com o autor em vida, por ser considerada ofensiva pela Igreja Católica. Na Alemanha de Hitler, o filme foi dado como perdido.

A sessão terá a Orquestra Petrobras Sinfônica com o músico Rabih Abou-Khalil. A céu aberto, a celebração da tolerância estará completa.


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