Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Ilustrada

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

 37ª Mostra

Thriller perde tensão com excesso de detalhes

Candidato alemão ao Oscar, 'Duas Vidas' mistura espionagem e vítimas do stalinismo, mas exagera nos flashbacks

CÁSSIO STARLING CARLOS CRÍTICO DA FOLHA

Identidades duplas, reviravoltas em tribunal e vítimas do nazismo são temas tão comuns no cinema comercial que surpreende quem ainda busque nesses recursos algum tipo de emoção.

"Duas Vidas", candidato alemão ao Oscar, dirigido por Georg Maas, procura temperar a previsibilidade da fórmula com um argumento "baseado em fatos reais", sempre eficiente para atrair os interessados em "verdades".

Desta vez, o passado que condena retorna para atormentar uma ex-agente da Stasi, polícia secreta da extinta Alemanha Oriental.

Katrine, agora uma pacata mãe de família vivendo na Noruega, vê ressurgir uma rocambolesca história que mistura espionagem e vítimas do totalitarismo stalinista que substituiu o nazismo no lado leste da Alemanha.

Uma equipe de advogados surge para investigar e propor indenização aos filhos de norueguesas que, no final da Segunda Guerra, foram enviadas para a Alemanha como punição por terem se relacionado com soldados do Exército de Hitler e engravidado.

A cisão política das Alemanhas, em 1949, fez dessas crianças cidadãs do regime socialista e vetou o direito delas de sair do país.

Liv Ullmann, com sua habitual nobreza, interpreta a vítima, agora uma senhora que superou o trauma com a chegada de uma jovem fugitiva na qual ela reconhece a filha perdida. Seu lugar no elenco, porém, é meramente decorativo.

Mesmo que em alguns momentos a trama se sustente com os efeitos do melodrama familiar, "Duas Vidas" procura se filiar ao gênero thriller nórdico, mas sem nunca alcançar a tensão das tramas de Stieg Larsson e companhia.

A necessidade de interromper com regularidade a narrativa com flashbacks para elucidar detalhes leva o filme a perder fluência. A cada recuo, o roteiro introduz outras falsas pistas, exigindo abrir mais parênteses. No final, claro, todos esses laços precisam de um fecho que se prolonga demais.

Selecionado para a Mostra e outros festivais de prestígio, "Duas Vidas" enche a sala com um público que procura experiências mais raras. Se exibido na TV ou lançado em DVD, dificilmente seria perceptível.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página